GM vai manter empregos na unidade de Gravataí

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A assembleia coletiva promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (SMG) com os trabalhadores da fábrica da General Motors (GM) na cidade, na tarde desta segunda-feira, resultou na aprovação unânime do acordo negociado entre a entidade sindical e a direção da montadora. A proposta consiste na manutenção do terceiro turno de trabalho e garante os empregos dos trabalhadores atualmente vinculados à montadora. O acordo é válido até 31 de dezembro deste ano.
O presidente do sindicato, Valcir Ascari, destacou a importância do acordo, lembrando que ele é fruto da mobilização dos trabalhadores e da sociedade de Gravataí, destacando o apoio recebido da prefeitura e da Câmara de Vereadores do município. "Conseguimos manter os três turnos de produção e ampliar o day off (situação em que o trabalhador recebe folga sem perda de remuneração, com compensação futura). Além disso, caso ocorra alguma dispensa, o banco de horas é zerado."
Antes o day off só podia ser utilizado por três dias consecutivos, mas, a partir do acordo firmado, pode ser usado de forma ilimitada pela GM em períodos de redução da produção. Esse ponto do acordo também é válido até 31 de dezembro. O dirigente diz que a medida tem extrema importância para a categoria. "Conseguimos evitar mais de 3 mil demissões ao todo", calcula Ascari.
A medida foi costurada após três reuniões com a diretoria da montadora. Ontem pela manhã ocorreu a última rodada de negociação. À tarde, cerca de 3 mil trabalhadores participaram da assembleia da categoria e aprovaram a iniciativa. "Com o que observamos em outras fábricas da GM no Brasil, onde ocorreram demissões, o acordo que conseguimos viabilizar aqui em Gravataí nos deixa satisfeitos. Só a permanência do terceiro turno representa a manutenção de cerca de 1.500 empregos", analisa Ascari.
Enquanto isso, em suas outras plantas, a GM tem suspendido temporariamente contratos de empregados. Mais de 900 funcionários da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, entraram em regime de lay off, elevando para 1.719 o total de afastados. Por meio desse sistema, os empregados têm o contrato de trabalho suspensos, temporariamente, mas continuam recebendo os salários sendo que metade é custeada pela empresa e outra parte pelo governo federal por meio dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Em assembleia ocorrida na última sexta-feira (15), os trabalhadores da GM aprovaram a medida que durará cinco meses. E mesmo após este prazo, a empresa se compromete a garantir o pagamento dos salários por mais seis meses. Nesse período de afastamento, os metalúrgicos assumem o compromisso de fazer cursos de atualização profissional.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo do Sul, Cícero Marques da Costa, hoje, haverá uma reunião com a montadora para discutir a situação dos 819 metalúrgicos com prazo de lay off a ser encerrado no próximo dia 9 de junho. Nesse encontro, o sindicato também pretende convencer a GM a chamar de volta 150 demitidos para colocá-los também sob regime do lay off. "Vamos tentar esgotar as possibilidades de preservar os empregos."
A GM justifica que está com excedente de pessoal, um problema que também afeta outras indústrias do setor. "A medida tem como objetivo ajustar a produção à atual demanda do mercado," diz nota da empresa.

Fabricantes de pneus ameaçam cortar produção

A forte queda na venda de veículos novos no País começou a afetar mais intensamente integrantes da cadeia produtiva da indústria automobilística brasileira. Duas grandes fabricantes de pneus no Brasil, a Bridgestone e a Michelin, estão avaliando medidas de corte da produção por meio de afastamento de trabalhadores. Elas se juntarão à Pirelli, que possui aproximadamente 1,5 mil funcionários em lay off (suspensão temporária dos contratos) nas quatro fábricas instaladas no País.
Segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Márcio Ferreira, a Bridgestone informou, na semana passada, que pretende até julho dar férias coletivas aos trabalhadores na fábrica de Santo André, no ABC paulista. O número de funcionários que poderão ser afastados temporariamente, no entanto, ainda não foi definido pela empresa. "Estamos acompanhando para saber quantas pessoas vão sair nessas férias. Acho que a empresa está esperando ver a situação do mercado para tomar uma decisão", disse.
A Bridgestone afirmou que ainda avalia "as medidas mais adequadas para enfrentar a queda relevante nas vendas", diante do cenário de crise pela qual passa o setor automotivo em geral. "Assim que tivermos as definições, informaremos todas as partes envolvidas", disse a empresa em nota. De acordo com a companhia, as medidas estão sendo estudadas para as quatro fábricas no País - Santo André, Camaçari (BA), Campinas (SP) e Mafra (SC) -, nas quais trabalham cerca de 3,7 mil pessoas ao todo.
A Michelin também informou que tem a intenção de adotar alguma medida de corte de produção a partir de junho na fábrica em Itatiaia (RJ). Mas, segundo o presidente do sindicato, André Luiz da Silva Rocha, nenhuma ação concreta foi anunciada até agora.
Em nota, a Michelin afirmou que vai adaptar a produção à demanda do mercado com "eventuais paradas" na fabricação de pneus para ônibus e caminhões "ao longo das próximas semanas".
No início de maio, a Pirelli colocou 1,5 mil trabalhadores em lay off por cinco meses nas fábricas paulistas de Santo André, Campinas, Gravataí (RS) e Feira de Santana (BA). O número equivale a 12,5% de toda a mão de obra da fabricante de pneus. A empresa justificou a medida alegando a queda das vendas de veículos.