Dólar comercial fecha em alta de 1,56%, cotado a R$ 3,241

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A estagnação da economia brasileira em 2014, a maior confiança dos consumidores americanos e o baixo volume de negócios estão pressionando o câmbio nessa sexta-feira (27). O dólar comercial fechou em alta de 1,56% ante o real, cotado a R$ 3,239 na compra e a R$ 3,241 na venda, acumulando na semana uma leve alta de 0,34%. Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, registrava, fechou em queda de 0,96%, aos 50.094 pontos, recuo de 3,6% na semana. Na avaliação de analistas, os dados de praticamente estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014contribuíram para volatilidade nos negócios. 

Na avaliação de Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista, a alta volatilidade afasta exportadores e importadores do mercado de câmbio, que deixam para atuar apenas quando há realmente necessidade. “A queda dessa sexta-feira é uma mistura do PIB fraco, da baixa liquidez e da busca por proteção, já que os investidores não gostam de ficar expostos à variação cambial no final de semana”, disse. 

O dólar acelerou a alta logo após a divulgação, nos Estados Unidos, da melhora da confiança dos consumidores, colaborando para a recuperação da economia americana e a possibilidade de aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O índice de confiança ficou em 93 pontos em março, acima dos 92 pontos esperados. Além disso, de acordo com Ítalo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil, a remessa de dólares ao exterior também contribui para esse movimento. 

“O mercado já está sem liquidez e há um fluxo negativo nessa sexta-feira. São saídas tanto do segmento financeiro como comercial, e isso ajuda a aumentar a volatilidade”, afirmou.

Além da volatilidade causada pela divulgação de dados econômicos, o mercado de câmbio praticamente não reagiu ao anúncio, na quinta-feira à noite, do primeiro leilão de dólares com compromisso de recompra que será feito pelo Banco Central desde o anúncio do fim do programa de intervenções diárias no mercado de câmbio, anunciado na terça-feira à noite. Na próxima terça-feira, o BC irá ofertar US$ 2,5 bilhões com o compromisso de recompra da moeda nos dias 4 de agosto e 2 de setembro de 2015.

De acordo com Abucater, da Icap, esse tipo de leilão, conhecido como leilão de linha, mexe pouco com a cotação do dólar, já que é uma operação casada e que serve apenas para cobrir a exposição de um agente financeiro no mercado de câmbio, sem aumento significativo da 

Nesta sexta-feira, o dólar turismo em espécie varia de R$ 3,33 a R$ 3,44 nas operadoras de câmbio pesquisadas pelo GLOBO. Para a recarga de cartão pré-pago, a cotação foi de R$ 3,53 a R$ 3,64, já incluindo o IOF.

Entre as instituições consultadas, o Banco do Brasil cobrava o menor valor nos dois casos: R$ 3,33 em espécie e R$ 3,53 no cartão. Na Western Union, a divisa americana está cotada em R$ 3,43 (papel moeda) e R$ 3,64 para recarrega do cartão. 

A Ultramar cobra R$ 3,35 pelo dólar em espécie e R$ 3,55 no caso do pré-pago. No Bradesco, o dólar sai por R$ 3,40 em papel moeda, e por R$ 3,60 na recarga para o cartão. Na corretora Cotação, estes valores são, respectivamente, R$ 3,44 e R$ 3,62.

As ações mais negociadas e com peso relevante na composição do Ibovespa operaram em queda durante todo o pregão. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Vale tiveram desvalorização de 2,74% e os ordinários (ONs, com direito a voto) recuaram 3,01%, pressionados pela queda no preço do minério de ferro no mercado internacional. As ações do setor bancário, que possuem a maior participação no índice, também ficaram no vermelho. As preferenciais do Itaú Unibanco recuaram 1,74% e as do Bradesco registraram queda de 1,74%. A exceção foi o Banco do Brasil, que fechou em alta de 0,31%.

Já as ações da Petrobras, depois de operarem em queda durante toda a manhã, recuperaram parte das perdas. As preferenciais tiveram leva alta de 0,32%, cotadas a R$ 9,38, e as ordinárias tiveram leve variação negativa de 0,10%, a R$ 9,22. “O mercado vai seguindo o ritmo do último pregão, com as ações mais negociadas pressionadas”, disse Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.

No exterior, as Bolsas europeias operaram sem tendência única. O DAX, de Frankfurt, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, registraram alta de 0,21% e 0,55%, respectivamente. Já o FTSE 100, de Londres, teve queda de 0,58%. Nos Estados Unidos, Dow Jones fechou em alta de 0,19% e o S&P 500 teve variação positiva de 0,24%. Nessa sexta-feira, foi divulgado o PIB americano do quarto trimestre, que ficou em 2,2% (anualizado), pouco abaixo das expectativas.