Revendas ainda oferecem carros com o IPI reduzido

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Quem quer adquirir um automóvel zero quilômetro antes do reajuste na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) deve aproveitar as próximas duas semanas. As novas alíquotas de IPI entraram em vigor em 1 de janeiro deste ano. As concessionárias gaúchas, no entanto, ainda contam com estoque com valor semelhante ao cobrado em 2014 até o final do mês.
A alíquota dos modelos 1.0, que estavam em 3%, subiram no dia 1 para 7%. Para carros com motor acima de 1.0 até 2.0, passou de 9% para 11% nos modelos flex. Nessa faixa de maior potência, o imposto subiu de 10% para 13% para veículos movidos somente a gasolina. O IPI permaneceu o mesmo para os automóveis com motor acima de 2.0 abastecidos apenas com com gasolina.
O diretor comercial da Simpala, Gilson Nunes, informa que a revenda de automóveis da Chevrolet preparou, ainda no início de dezembro, um estoque de veículos com a alíquota praticada durante o ano. Com um movimento maior do que o esperado já no início do mês passado, a previsão é que ele dure até o final de janeiro. “Quem quiser aproveitar é bom correr. Pelo movimento que estamos tendo nas nossas quatro lojas, não sei se chega a fevereiro”, alerta Nunes.
Apostando, principalmente, nas campanhas publicitárias focadas no fim da redução do IPI para atrair compradores, a Volkswagen ainda tem um estoque bastante robusto. Na concessionária Unidos Volkswagen, situada na avenida Ipiranga, as vendas estão dentro do previsto. Contudo, quem quiser escolher uma cor específica corre o risco de não ter seu desejo realizado. Além disso, o modelo Gol só é encontrado com alíquota reajustada no local.
O gerente de vendas da Unidos, Fernando Ruga, diz que a expectativa é que o número de vendas se mantenha durante os próximos 15 dias, com diversas opções dos modelos Up e Fox. “Os jovens são os mais esperados e eles gostam bastante desses dois carros. O Up, por exemplo, custa agora R$ 33,107. Com a nova alíquota, custará em torno de R$ 1,5 mil a mais e para o jovem esse valor faz diferença”, destaca Ruga.
O gerente de Marketing da Via Porto, Rogério Alcântara, comemora o aumento de 25% nas vendas de automóveis da Fiat em dezembro ante novembro, melhor mês do ano. Em janeiro, ele estima que o ritmo se mantenha, com uma retração pequena sobre o mês anterior. “As pessoas estão bem informadas e chegam perguntando, pesquisando os valores”, informou Alcântara.
A diminuição nas vendas de veículos, explica, se deve principalmente aos gastos essenciais de início de ano, como férias, material escolar, IPTU e outras obrigações características do período. As duas lojas da Via Porto na Capital, nas avenidas Sertório e Nonoai, ainda contam, ao todo, com 400 carros com IPI reduzido. “Mas por pouco tempo”, salienta Alcântara.
Na contramão das demais concessionárias, a Ribeiro Jung, revenda da Ford, não investiu em estoque especial para garantir um grande número de veículos com alíquota reduzida. Segundo a gerente de marketing, Tatiane Ribeiro, o aumento da alíquota já era esperado e não deve ter muito reflexo nas vendas.
De dezembro a janeiro, as vendas mantiveram o nível dos demais meses de 2014. “A maioria dos clientes ainda vêm procurando estoque antigo. Mas muitos já estão adquirindo carros de 2015, por que entre os antigos já não tem mais os exemplares desejados”, ressalta Tatiane, sustentando que a diferença no preço se dilui no financiamento.

Clientes procuram pesquisar os valores antes de fechar negócios

Com as alterações tributárias na ponta da língua, José Antonio Garcia de Mesquita está pesquisando carros há meses e diz que, mais importante do que aproveitar o IPI reduzido, é pechinchar sempre. Interessado no Ônix, carro mais procurado pelos clientes da Chevrolet nos últimos tempos, ele terá de pagar aproximadamente R$ 5 mil a mais caso adquira um veículo com a nova alíquota. Porém, Mesquita afirma que é possível reduzir o valor. “O cliente tem que saber exercer seu direito de negociar”, defende.
Após mais de dois anos de redução na alíquota - de maio de 2012 até o último dia de 2014, o gerente de vendas de uma loja da Iesa, concessionária da Nissan e Renault, Rogério Sutelo, afirma que deve levar um tempo até que os consumidores se acostumem com o reajuste. “Provavelmente as vendas irão alavancar só a partir de abril. Fevereiro é um mês curto e em março a população está voltando à vida normal”, previu.
Segundo a Anfavea, o repasse integral do imposto resultaria em aumento de 4,5% nos automóveis 1.0. Os diretores comerciais de algumas das principais concessionárias de Porto Alegre, no entanto, estimam aumento de até 6%.
Apesar da elevação para carros, o imposto continuará baixo para os fabricantes de eletrodomésticos da linha branca e para os materiais de construção.