Aécio Neves e Tarso Genro usaram melhor as redes sociais, diz especialista

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No cenário nacional, o candidato Aécio Neves (PSDB) foi quem se saiu melhor nas redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano. No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) teve vantagem quando gravou vídeos amadores com alto poder de impacto. A avaliação é do consultor de marketing digital e humanização de marcas Rafael Terra. 

Terra explica que tanto Aécio quanto Tarso souberam humanizar suas ações, diferentemente de Dilma Rousseff (PT) e José Ivo Sartori (PMDB), que deixaram seus meios de comunicação com os eleitores nas mãos de uma equipe. “Um simples vídeo gravado pelo telefone de Aécio ganhou o Brasil pelo WhatsApp (assista abaixo)”, cita ele, como exemplo. Rafael Terra também é CEO da assessoria de comunicação Fabulosa Ideia. Veja a entrevista completa: 

Jornal do Comércio – Como você analisa a performance dos candidatos nas redes sociais nas Eleições deste ano?

Rafael Terra - Entre erros e acertos, foi a eleição das redes sociais. Há quatro anos éramos 4 milhões de brasileiros no Facebook, hoje somos mais de 80 milhões. Neste período o mobile também cresceu muito. Surgiu o Instagram, o WhatsApp e outras plataformas móveis que protagonizaram grandes cases. Também foi o primeiro ano de uma lei digital nas eleições mais severa. Ou seja: tudo está em teste. O saldo é de aprendizado. Nas próximas veremos uma grande evolução no que vimos nesta!

JC - Na sua opinião, quem se saiu melhor? Aécio ou Dilma? Sartori ou Tarso?

Terra - Dá para notar claramente que Aécio tem um envolvimento direto com as redes. E por este fator, pessoal, ele ganhou, com certeza. Um simples vídeo gravado pelo telefone dele ganhou o Brasil pelo WhatsApp. Ele adentrou os movimentos da web. Enfim, ganhou porque foi pessoal. E esta humanização da marca engaja. Ao contrário da Dilma, que fica claro que é sua equipe que nutre seus canais. É óbvio que o Aécio também tem uma equipe, mas ele se humanizou, saiu da agenda dos posts pré-prontos da equipe. Já aqui no Estado temos um empate. Tarso usa muito bem as suas redes. Assim como o Aécio, se humaniza em vários momentos. Grava vídeos amadores, mas com alto poder de impacto. Escreve sobre o que está sentindo. Estes dias colocou no Facebook que estava feliz porque Luciana Genro, sua filha, declarou seu voto a ele. Já o Sartori é como a Dilma: deixa na mão da equipe. Esta, aliás, muito competente. É o case do Twitter destas eleições, com certeza. Entraram na conversa com os internautas e a persona Sartorão da Massa ganhou a internet. Foi uma forma muito bacana de explorar a persona do candidato.

JC - Você acredita que as redes sociais são decisivas atualmente para eleger alguém?

Terra - Decisivas não. Mas poderosas ferramentas, sim. Agora, o que o candidato tem que observar é nutrir seus canais sempre e não só em época de eleição. Vimos uma corrida atrás de likes, sendo que estes já deviam estar em suas páginas antes da eleição. Sem audiência não tenho com quem conversar nas redes. E vimos candidatos que tiveram esta preocupação obtendo muito resultado. Outra coisa é pensar que tudo que está na mídia tradicional viraliza nas redes. E ganhou muito quem conseguiu ocupar estes movimentos. As polêmicas da Luciana Genro, por exemplo, ganharam as redes a partir dos debates e isso fez ela crescer muito.

JC - A questão dos memes, do humor na campanha, veio para ficar? Como observa isso?

Terra - Com certeza. O viral nasce muito do humor. E meme sempre nasce do contexto. E as eleições são o contexto mais forte num país, ou seja: o prato perfeito para os memes. Os debates foram os cenários perfeitos para os memes. E, sim, as ferramentas mudam, morrem, mas este comportamento só crescerá.

JC - Como avalia a reação de algumas pessoas, dizendo que o Facebook ficou chato durante o período eleitoral por causa do excesso de opiniões políticas?

Terra - Estamos vivendo um processo de revolução. E todo processo de revolução exige educação, costume. E, sobre as pessoas, digo o seguinte: nosso feed de notícias é chato ou não dependendo das pessoas que seguimos. Somo nós que escolhemos, assim como escolhemos o canal que assistimos. Existem os filtros. Enfim, acho uma reclamação que não procede. O que falta mesmo é cuidado do lado das pessoas que se expõem demais. Somos aquilo que compartilhamos. Pense duas vezes em postar algo porque você vai ser lembrado, julgado por aquilo, não seja lembrado à toa.

JC - Você acha que os candidatos postam demais?

Terra - Sim, acho. Não é o número de postagem que vai influenciar e sim ações de alto impacto. Digo: uma ação com uma boa estratégia viral pode durar dias em nosso feed de notícias pelo seu engajamento. Ou seja: não faça posts, faça campanhas. Pense em comunicações impactantes que farão os eleitores divulgar para você.