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Entra em campo o plano de gestão do complexo Beira-Rio como arena
A gestão do Estádio Beira-Rio como arena já começou. O novo modelo de negócio prevê a exploração do equipamento – reformado por R$ 330 milhões para a Copa do Mundo – além dos dias de jogos do Internacional. A iniciativa é capitaneada pela Brio (Andrade Gutierrez e BTG) em parceria com a Tornak, holding gaúcha de participação e investimento imobiliário. A meta é elevar o fluxo de pessoas no complexo: estima-se que 80 mil passem pelo Beira-Rio por mês, excluindo os dias de jogos. O objetivo é alcançar uma circulação de 125 mil pessoas até a metade de 2015, quando as novas atrações estarão prontas.
No pacote, há operações de alimentação na área interna do estádio – já em funcionamento –, acomodações no conceito de hospitalidade, minishopping, sunset (área de lazer externa), palco de shows e exploração de espaços publicitários. O projeto para a captação comercial será apresentado hoje, antes do jogo do Inter contra o São Paulo, pela Brio.
No contrato de 20 anos com a operadora, caberá ao clube a renda de jogos. A Brio terá a receita das áreas vip do Beira-Rio (camarotes, skyboxes e assentos vip e very vip), serviços de alimentação dentro do estádio, streetmall (minishopping), eventos não futebolísticos, estacionamento, sunset e exploração publicitária distribuídas entre telões internos e placas. São mais de 700 posições, segundo o gerente de marketing da Brio, Felipe Apolônio. O arsenal de receita promocional deve cobrir os custos da reforma do estádio.
A locação do streetmall, 44 espaços no entorno do estádio, alcança 60%, segundo a Brio. Entre futuros ocupantes estão marcas como Bob’s e Flex Nutrition, Oito a nove operações deverão ser ocupadas por uma empresa de festas infantis, a Rola Festa. A seleção completa, adiantou Apolônio, não concorrerá com shopping centers da região. Praia de Belas e BarraShoppingSul são vizinhos. “Serão serviços de bairro, como loteria, lavanderia, salão de beleza e farmácia”, descreve. Os empreendedores afirmam que as negociações observam a relação com esporte e lazer, além de alimentação e conveniência.
O sucesso da Copa e a visibilidade obtida pelo Beira-Rio elevaram a procura pelos espaços, garantem Brio e Tornak. A meta é inaugurar o streetmall até dezembro, o que deve envolver investimento de R$ 10 milhões nas instalações pelas operações locadas, calcula o sócio-diretor da Tornak, Fernando Tornaim.
Outra novidade é a área de lazer que se chamará Sunset, que será montada na grande rampa ao lado do edifício-garagem com 3 mil vagas. A área com 4,8 mil metros quadrados terá bares e píer, explorando a vista para o lago Guaíba. O projeto está sendo elaborado e precisa da aprovação de investidores e prefeitura. O Sunset é promessa para 2015.
No novo mix, as operações de alimentação nas áreas de dispersão do estádio devem ser as primeiras a ficarem prontas. Serão cinco empresas: Oca de Savoia (pizza), Cachorro do Rosário (cachorro-quente), Celeiro de Ases (serviço de alimentação e bebidas), Grupo Funny (salgados rápidos e que opera no Engenhão e Mineirão) e Pipoca do Inter. As 55 instalações (11 de cada operador) devem ser finalizadas até outubro, projeta Apolônio.
Os trabalhos começaram logo após a Fifa liberar o Beira-Rio, oficialmente em 8 de julho. “São serviços que não concorrem, e cada um terá cota de ambulantes uniformizados”, explica Apolônio. Também foi fechado contrato com a marca Coca-Cola para bebidas não alcoólicas. Outro acerto é com a NET.
A Brio ainda busca fechar contratos de locação de lugares vip – dos 70 camarotes, 50 foram negociados; skyboxes estão com venda mais lenta (segundo empreendedores), e 20% das cadeiras teriam sido reservadas. “Trabalhamos o conceito de hospitalidade para atrair público institucional nos camarotes e skyboxes. O edifício-garagem conecta o público no lounge vip”, cita o executivo.
Um projeto em análise é montar palco para shows, o Anfiteatro Beira-Rio, usando uma parte do campo e cadeiras, com montagem de estrutura móvel e que possa ser facilmente removida.
Giovanni Luigi diz que empreendimentos imobiliários ficarão para a nova gestão
O presidente do Internacional, Giovanni Luigi, informa que o clube deve retomar a discussão sobre empreendimentos imobiliários vizinhos ao Beira-Rio – no terreno entre o estádio e o viaduto da Pinheiro Borda –, após as eleições e a sucessão na direção da instituição, prevista para o fim do ano. Luigi adianta que o projeto caberá à nova gestão.
Em 2008, a Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou mudanças no regime urbanístico do entorno do Beira-Rio para beneficiar o clube, que poderia obter receitas para reformar o estádio da Copa. Com isso, é possível construir três torres no limite máximo de altura da cidade – 52 metros (18 andares). O projeto original previa hotel, salas comerciais e centro de eventos.
“O complexo precisa de um novo plano diretor”, justifica Luigi. Também será necessário um novo Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU). “A comissão de obras retomará o projeto, mas não concluiremos nesta gestão.”
Sobre eventual parceiro em projetos imobiliários, Luigi disse que não há nomes e nem conversação com a construtora Andrade Gutierrez. “Nunca pensamos nela, teremos de ver a melhor oferta, mas não será decisão desta gestão.” O Gigantinho, que foi renovado, deve ter potencial explorado para eventos.
Em relação às operações comerciais no Beira-Rio, Luigi avalia que o desafio de tornar a operação rentável é da Brio. Como vantagens, o presidente do Internacional observa a média de público nos jogos pós-revitalização do Beira-Rio (cerca de 28 mil), nova acessibilidade, mais conforto e atrativos comerciais e de lazer. “Tudo que se busca aqui é de alto nível, da iluminação, do estacionamento, até os banheiros”, ressalta.
Ideia é ampliar a permanência do torcedor
O sócio-diretor da Tornak, Fernando Tornaim, explica que, nos dias de partidas do Inter, o foco é o uso em tempo integral do complexo. “Não é mais o horário do jogo, mas o dia do jogo. As pessoas passarão o dia consumindo”, define Tornaim.
A garantia de êxito na comercialização é balizada na conexão do público com o estádio do Internacional. “Não tem outro assunto que mexa tanto com as pessoas como futebol. Que outro evento pode ter toda a semana quase 30 mil pessoas?”, contrasta Tornaim, cuja empresa foi uma das compradoras da área do antigo Estádio dos Eucaliptos, hoje empreendimento imobiliário. O cálculo se refere à média de público após a reinauguração do Beira-Rio, cerca de 28 mil pessoas. A capacidade do estádio é de até 50.038 lugares.
O potencial de valorização gerado pelo entorno é outro item nos planos e argumentos para locação de espaços. A expectativa é de que esses elementos facilitem na captação. Tornaim cita que a mobilidade hoje existente na região, com avenidas duplicadas nos dois lados de acesso (Padre Cacique e Beira-Rio) – uma das duas obras entregues antes do Mundial pela prefeitura de Porto Alegre – é condição inédita em estádios brasileiros. Há facilidade de acesso, visibilidade nos dois lados e rápida conexão entre a zona Sul e o Centro da Capital, exemplifica o empreendedor. Além disso, Tornaim cita projetos imobiliários em andamento e projetados na área. “Mais valorização ainda.”