Material gráfico perde espaço na eleição deste ano

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A distribuição de peças gráficas, como adesivos para carro e peito, mas principalmente os tradicionais santinhos, deve ficar mais concentrada na reta final das eleições. A posição vale para a maior parte das candidaturas majoritárias, que estão produzindo material impresso conforme demandas específicas.

É o caso da campanha da candidata Ana Amélia Lemos (PP), que, de acordo com o coordenador, Marco Aurélio Ferreira, possui mais peças para redes sociais do que material gráfico. “Estamos preparando material para serem distribuídos em eventos de mobilização, mas estimulamos que a base desenvolva materiais para redes sociais de forma colaborativa, e que também produzam seu próprio conteúdo”, explica. Para Ferreira, o gaúcho já se adaptou a esse formato de mídia, e o brasileiro, em geral, sabe como acionar as redes sociais. 

O responsável pelo marketing na campanha de José Ivo Sartori (PMDB), Luiz Fuscaldo, salienta que, apesar do crescimento da sensibilização dos eleitores pelas redes, a mesma importância é dada para a comunicação corpo a corpo. “Nossa ‘rede analógica’ de apoiadores é muito importante, pois é através das 33 coordenadorias regionais do PMDB que é feita a disseminação do material gráfico, que atinge muita gente sem acesso à internet”, defende. No comparativo, segundo Fuscaldo, o meio gráfico ainda tem peso maior que a internet. Além do santinho com os três nomes da chapa majoritária, a campanha conta com cartazes, adesivos e perfurite. Outros materiais impressos, de maior fôlego, de acordo com o publicitário, estão sendo produzidos. 

A campanha de Vieira da Cunha contará com uma primeira remessa de cerca de 500 mil santinhos. Além deles, a inauguração do comitê central da chapa, no final de julho, trouxe adesivos de peito, carro, banners, perfurites, cartazes e folderes. “Conforme a campanha for se desenvolvendo, vamos produzir o que se mostrar necessário”, detalha o coordenador da campanha, Enilto José dos Santos. Em sua avaliação, o maior gasto é com mídias eletrônicas, como televisão e rádio, incluindo-se também o custo da campanha digital. “No entanto, não podemos ainda abrir mão dos meios tradicionais”, acredita.

A assessoria de imprensa da coligação liderada pelo candidato à reeleição Tarso Genro (PT) informou que pretende guardar sigilo em relação à estratégia adotada para a campanha de marketing em geral, mas adiantou que fará uso racional de materiais gráficos e investirá na atuação em redes sociais.

Segundo o professor Rodrigo Stumpf González, do departamento de Ciência Política da Ufrgs, a diminuição do uso de peças gráficas deve-se a fatores como o custo, não apenas de produção, mas de distribuição, e a diminuição da militância de rua, comum nos anos 1980. “Militantes que trabalham pelo amor à camiseta têm diminuído e é cada vez mais difícil mobilizar apoiadores que não sejam pagos. Os santinhos, hoje em dia, não garantem mais a opção do eleitor, pois muitos votantes decidem na última hora. Por isso, os candidatos acabam deixando essa estratégia para os últimos dias de campanha”, analisa. 

No entanto, o professor aponta a persistência dos meios impressos por mais alguns anos. “Se pensarmos no Interior do Estado e em um público mais velho, a ideia do ‘fio do bigode’, com a comunicação impressa e o contato pessoal, ainda é muito presente”, salienta. González acredita que uma migração total para as redes só acontecerá quando houver uma total mudança geracional. “Enquanto isso, os meios devem conviver”, prevê.

Apesar da análise de González, P-Sol e PSTU, que compõem a coligação do candidato Roberto Robaina (P-Sol), acreditam que um dos maiores trunfos que têm é a militância jovem, ainda que também tenham investido no material tradicional, como panfletos, banners e cartazes, já prontos para toda a campanha. De acordo com a candidata a vice, Gabrielle Tolotti (P-Sol), o gasto com redes sociais é zero, porque a divulgação se desdobra com a atuação dos militantes. 

É entre os partidos de menor representatividade parlamentar que a produção de peças gráficas é mais escassa. O PCB de Humberto Carvalho aponta a falta de recursos financeiros para custear itens impressos. No caso do PNM, que tem à frente João Carlos Rodrigues, a estratégia é aproveitar o potencial dos espaços públicos de debate e a atuação em redes sociais, segundo o coordenador de campanha César Garibotti. 

No caso da candidatura de Edison Estivalete Bilhalva (PRTB), o material impresso já foi finalizado tanto para a campanha ao governo do Estado quanto para a dos 25 candidatos proporcionais à Câmara e à Assembleia, principalmente santinhos e perfurites.