Eficiência energética é desafio para indústria

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Em um momento em que a eletricidade torna-se um insumo cada vez mais caro e importante, cresce a necessidade das práticas de eficiência no setor. No Brasil, a área industrial é a maior consumidora de energia. Dentro desse segmento, as pequenas e médias empresas, percentualmente, são as maiores desperdiçadoras e, portanto, as que têm mais chances de reduzir os gastos, afirma o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), Rodrigo Aguiar.
O dirigente acredita que as medidas de eficiência não ocorrem com tanta frequência nesse nicho por uma questão de falta de informação ou de uma linha de crédito adequado. Para tentar amenizar o problema do desconhecimento, a Abesco e o Sebrae lançaram ontem uma cartilha de eficiência energética destinada à área industrial. Apesar das dificuldades, Aguiar argumenta que a preocupação com o tema vem crescendo no País. Segundo o integrante da Abesco, somente em energia elétrica, o Brasil desperdiça metade de toda geração de Itaipu (em 2013, a usina alcançou a produção de 98.630.035 MWh).
Outro fator que aumenta a necessidade de se ter um uso de energia mais racional é a limitação que se enfrenta quanto à expansão de novas fontes de energia. O dirigente lembra que, antigamente, era muito mais fácil realizar a implantação de uma hidrelétrica ou de uma térmica.
A promoção do consumo racional consta nos planos nacional de energia e no de eficiência energética do Ministério de Minas e Energia. A meta é atingir uma diminuição de cerca de 10% do consumo de energia elétrica até 2030. Inicialmente, o consumo base projetado para esse ano no País seria de 1.027.896 GWh. Com as medidas de eficiência, o objetivo é baixar esse número para 921.273 GWh.
Conforme o presidente da Abesco, o percentual de economia de energia com o investimento em projetos de eficiência energética irá variar dependendo do setor. No entanto, em média, é possível conseguir algo na ordem de 20% a 40%. Aguiar também salienta que a eficiência energética também contribui para a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.
O dirigente comenta que uma opção muito utilizada no setor industrial para adotar essa atitude é a troca de motores. O presidente da Abesco adverte que cerca de 20% de todo parque nacional desses equipamentos já verifica mais de 25 anos de uso. “A curva de trabalho deles é totalmente comprometida, o consumo é muito superior ao original de fábrica”, aponta.
Aguiar diz que uma empresa que quiser diminuir o uso de energia pode contratar uma consultoria que fará a avaliação das possibilidades. Essa companhia fará uma análise para levantar quanto o cliente gasta de energia, onde e como pode haver a redução.
O diretor comercial da Intral (provedora de soluções em iluminação), Gerson Teixeira, enfatiza que iniciativas de eficiência energética possibilitam que se retarde a exigência de novos investimentos para aumentar a oferta de energia elétrica. “Trata-se de usar de forma racional os recursos que já temos.” O empresário acrescenta que o tema também envolve a questão da competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional.
Para Teixeira, a eficiência energética é uma política que precisa ser desenvolvida pela sociedade como um todo, envolvendo governos e iniciativa privada. O dirigente cita como opções para a redução de custos com a energia a substituição de lâmpadas, uso de painéis solares para aquecimento, aproveitamento de uma arquitetura que melhore as condições térmicas e de iluminação natural, uso de motores de baixas perdas, entre outras.
O empresário comenta que, por exemplo, o uso de uma iluminação com LED em uma edificação, ao invés das lâmpadas de vapor metálico, permite em menos de dois anos o retorno do investimento com a economia em energia e menores custos de manutenção. “A eficiência energética no mundo e no Brasil é um caminho sem volta”, conclui. O assunto está sendo debatido no 11º Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (COBEE) e ExpoEficiência. O evento iniciou ontem e será encerrado hoje, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.