Inverno é atrativo do Interior gaúcho para receber visitantes

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Após diversas ações de divulgação dos destinos do Interior do Rio Grande do Sul durante o período em que ocorreram os cinco jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre, a expectativa agora é que municípios distantes da Capital colham novos frutos no inverno de 2014. Alguns empresários do trade acreditam que seja possível que a demanda por hospedagens e pacotes se amplie, com visitas de moradores de outros estados brasileiros – além dos situados nas regiões Sul e Sudeste, que já costumam trilhar roteiros pelo Estado.
“Estamos trabalhando mais em nível Brasil, porque nossos produtos passam muito por localidades onde ainda não há preparo para receber um grande número de turistas estrangeiros”, admite o sócio-proprietário da operadora Caminhos das Missões, Claudio Reinke. “Fora do Brasil, estamos focados nos países do Mercosul”, completa o empresário, ressaltando que, para isso, a agência inclusive está formatando um novo roteiro, que inclui passagem pelas cidades da Argentina e do Paraguai, onde viveram os demais povos das missões jesuíticas na América do Sul.
Situados no Oeste do Estado, os sete municípios gaúchos onde viveram os povos Jesuítas-Guaranis já integram pacote ofertado pela agência de Reinke. Em julho, uma das épocas de maior procura, os valores podem variar de R$ 675,00 por pessoa (com roteiro de três dias de 30 quilômetros de caminhadas pelas cidades e sítios arqueológicos de São Miguel, São João Batista e Santo Ângelo) até R$ 2.498,00 por pessoa. “Esta segunda alternativa consiste do roteiro mais completo, de 14 dias, onde os peregrinos percorrem 338 quilômetros de São Borja (passando por São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Lourenço Mártir, São Miguel das Missões e São João Batista), até Santo Ângelo”, explica Reinke. Ambos roteiros, e um terceiro, intermediário, cujo valor é de R$ 1.418,00 e dura oito dias, percorrendo 183 quilômetros (passando por todos os municípios dos Povos das Missões, com exceção de São Borja), incluem refeições, hospedagem, trajetos de barco, entradas nos sítios arqueológicos, orientação de guias e o direito de levar de recordação dois ou três objetos da cultura Guarani entregues pela agência.
“Muita gente procura o roteiro de oito dias, o Brasil está virando um país de caminhantes”, afirma Reinke, destacando que pessoas acima de 60 anos estão entre os visitantes mais frequentes da região. A maior parte dos turistas vem de estados do Sul e Sudeste: os paulistas lideram o número de peregrinos pelas Missões, seguidos por cariocas, mineiros, paranaenses e catarinenses. “Mas também há muitos gaúchos, vindos da Capital e da Serra.” Para este ano, embora a limitação seja de 15 pessoas por grupo, a expectativa é de que a demanda aumente.
“Neste caso, faremos mais de um grupo. Em geral, o ideal são turmas pequenas, para que se possa interagir mais, valorizando também a questão da aproximação humana, que é muito importante”, diz o empresário, lembrando que os roteiros incluem visitas a museus e igrejas, entre outras atividades. “No caminho, aparecem gaiteiros, poetas, e cavalheiros , sendo que algumas surpresas são programadas, outras não.”
Em Cambará do Sul, onde a natureza exuberante é o principal atrativo, os grupos pequenos também são bem-vindos, garante o proprietário da Agência da Colina, Cypriano Penter. Segundo ele, a segunda quinzena de julho está sendo um alento para as empresas que vendem pacotes turísticos para o município. “Durante a Copa, os visitantes brasileiros sumiram, foi um prejuízo enorme”, comenta Penter, destacando que em outros anos, os primeiros 15 dias do mês costumavam ser o melhor período em termos de demanda. O empresário conta que, no decorrer do Mundial, mais de uma centena de estrangeiros esteve na cidade. “Vieram muitos americanos, porto-riquenhos, holandeses, alemães, entre outros. Eles nos consultaram, pediram muitas explicações, mas não gastaram nada. Nenhum comprou serviço de agências, o que faz supor estejam acostumados a viajar e resolver seus roteiros por conta própria.”
Agora, em pleno inverno, Penter tem esperanças de recuperar as vendas.  “A procura começando a crescer”, afirma. Além de passeios pelos dois parques nacionais (Serra Geral e Aparados da Serra), visitas a fazendas, com percursos paralelos a rios e cachoreiras, estão entre os atrativos. “Também os passeios a cavalo, pelas colinas, com paisagem de longo alcance são alternativas muito inspiradoras”, sugere. Em julho, mesmo com o frio, o sol se faz presente com constância, e os visitantes que escolherem o município podem apreciar a paisagem variando entre caminhadas, passeios de bicicletas, ou cavalgadas.

Agências buscam formatar pacotes com diferenciais

Para conquistar a preferência dos turistas, as agências de viagens de municípios gaúchos têm apostado suas fichas em formatar produtos exclusivos. Em Cambará do Sul, a Agência da Colina promove um passeio diferente das demais empresas do setor, oferecendo ao viajante um dia de descanso na fazenda Rancho Cabotiá, onde a cachoeira do Tio França é um dos pontos altos para se visitar.
O proprietário da agência, Cypriano Penter, que também é dono da fazenda, criou um roteiro que inclui uma parada para os grupos apreciarem churrasco ou parrijada na vala. “O pessoal de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais adora”, garante Penter. O local, onde bois, ovelhas e cavalos crioulos convivem em harmonia, está situado há dois quilômetros da cidade. Na Colina, o pacote mais barato também é atrativo: custa R$ 325,00 por pessoa para temporada de hospedagem com café da manhã por três dias e duas noites, incluindo passeios pelos Canions Itaimbezinho e Fortaleza, e a rota Cavalgada da Cachoeira.
Já em Santo Ângelo, a operadora Caminhos das Missões, irá estrear um novo roteiro entre os dias 28 e 31 de agosto. Denominado o novo roteiro Caminhos Revolucionários, o percurso inicia em Santo Ângelo, passando pelos municípios de São Miguel das Missões, São Lourenço, São Luiz Gonzaga, São Borja, e nas cidades argentinas de Santo Tomé, San Ignácio Mini e Caraguatay. “O roteiro tem duração de quatro dias, e resgata a história de quatro heróis (Luis Carlos Prestes, Sepé Tiarajú, Andresito Guacurari, e Che Guevara) e suas lutas de resistência contra o imperialismo desde o século XVIII ao século XX”, explica o sócio proprietário da operadora, Claudio Reinke.
Mais ao Norte do Rio Grande do Sul, na região turística das hidrominerais, a cidade de Ametista do Sul, atrai turistas de todo o mundo por sua fama de capital da pedra ametista. Lá, o setor mineral responde por 75 % da economia. Além de conhecer os garimpos e como as ametistas são extraídas do interior das galerias subterrâneas, os visitantes podem comprar pedras preciosas nas dezenas de lojinhas espalhadas na cidade, que também desenvolve a vitivinicultura desde 1997. “A Igreja São Gabriel é uma das mais bonitas do Brasil, cravejada de 40 mil pedras preciosas nas paredes”, destaca o proprietário da agência Valitur, Valcir Luis de Castro.
Entre as visitas mais interessantes do lugar, uma cantina subterrânea oferece aos turistas uma degustação de vinhos, que são armazenados em galerias de minas desativadas. “Ali se aproveita a temperatura, que é propícia para isso. Além disso, o passeio pelos túneis é muito bacana”, opina Castro. Segundo o agente de turismo, no inverno a procura diminui.