BES diz que investidores de varejo serão reembolsados

Por

O Banco Espírito Santo (BES) confirmou que vai reembolsar todos os seus clientes de varejo que investiram em notas promissórias, ou "commercial paper", emitidas pela sua principal holding, a Espírito Santo Internacional (ESI), que na sexta-feira (18) pediu proteção contra credores. Segundo o banco, os clientes de varejo têm € 255 milhões (US$ 345 milhões) em dívida da holding.
Até 10 de julho, a Espírito Santo International tinha uma exposição de € 342 milhões para a unidade principal, Rioforte Investments, que também está considerando entrar com proteção judicial de credores, de acordo com uma pessoa familiarizada com a situação.
"O banco, por meio de sua rede comercial, entrará proativamente em contato clientes" que compraram a dívida de ambas as entidades, disse o Banco Espírito Santo em um comunicado enviado ao The Wall Street Journal neste domingo.
O banco tornou-se o centro de uma tempestade, que começou em maio, quando uma auditoria ordenada pelo banco central do país descobriu que a Espírito Santo International estava em uma "condição financeira grave", incluindo irregularidades contábeis.
A Espírito Santo International tem participação de 49% na Espírito Santo Financial Group (ESFG), que, por sua vez, possui 20% do Banco Espírito Santo.
O Wall Street Journal informou em novembro do ano passado que o conglomerado estava dependendo cada vez mais em vender dívida para os clientes do banco para levantar fundos.
Após a divulgação dos problemas das instituições em maio, o Espírito Santo Financial Group disse que tinha reservado € 700 milhões para pagar os clientes de varejo do Banco Espírito Santo que investiram em dívida do Espírito Santo International e suas entidades.
O banco disse no início deste mês que, além do "commercial papel" do Espírito Santo International e da Rioforte, os clientes de varejo também investiram € 212 milhões em dívidas do Espírito Santo Financial Group. Há sinais de que a empresa também está enfrentando dificuldades financeiras e as ações do ESFG foram suspensas da Bolsa de Lisboa desde 10 de julho. Na sexta-feira, o supervisor bancário do Panamá assumiu um pequeno banco de propriedade do ESFG "dada a sua situação ilíquida e potencialmente insolvente". 
Representantes da Espírito Santo Financial Group não puderam ser encontrados para comentar o assunto.
O Banco Espírito Santo também reafirmou que os clientes institucionais que investiram € 2 bilhões em "commercial papel" da Espírito Santo International e suas entidades não serão reembolsados pelo credor, uma vez que são considerados como investidores qualificados, com capacidade de avaliar o risco.
O banco também está exposto a Espírito Santo International e entidades através de € 1,2 bilhões em empréstimos. O BES disse que tinha uma margem de capital de € 2,1 bilhões para cobrir quaisquer calotes.
Em sua solicitação de proteção contra credores em um tribunal no Luxemburgo na sexta-feira, o Espírito Santo International disse que vai procurar implementar um plano para um descarte ordenado de seus ativos, acrescentando que isso "será no melhor interesse dos credores".
A maioria dos seus ativos são detidos pela Rioforte, que além da participação na Espírito Santo Financial Group, é proprietária de imóveis e hotéis em Portugal e no Brasil, e uma companhia de seguros e parte de um operador de hospital em Portugal.
Já que o conglomerado é privado, há pouca informação disponível sobre as suas finanças. Além do Banco Espírito Santo, que é exposta a diversas entidades do Espírito Santo International, a empresa de telecomunicações Portugal Telecom é uma grande credora da Rioforte Investments. No início desta semana, a Portugal Telecom, que está em processo de fusão com a brasileira Oi, divulgou que não recebeu o reembolso de uma dívida de € 847 milhões da Rioforte. A Portugal Telecom disse que vai buscar as opções legais para obter o dinheiro de volta.