Reajuste de combustíveis divide empresários

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A defasagem dos preços da gasolina e do óleo diesel no mercado brasileiro em relação ao custo do petróleo praticado internacionalmente gera a incerteza se um aumento dos combustíveis irá ocorrer em breve no País. A questão divide opiniões. O presidente da Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo (Fetcesp) e da Seção II — Cargas da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Flávio Benatti, estima que não haverá outra opção. Já o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), Adão Oliveira, projeta que o governo federal procurará alguma alternativa para resolver a discrepância.
Benatti admite que existe uma diferença de valores entre o petróleo e os seus derivados e por isso não descarta o possível incremento do preço dos combustíveis após a disputa eleitoral. “Porque, caso contrário, vamos acabar quebrando a Petrobras”, sustenta o dirigente. Para Benatti, a medida não foi tomada até agora por ser uma iniciativa impopular e o Brasil está às vésperas de uma eleição, o que está represando a situação. “E isso é um erro que já devia ter sido resolvido”, critica.
O presidente da Fetcesp acrescenta que o aumento dos combustíveis impacta o índice inflacionário e, por consequência, o desempenho do governo. “Mas, não esperem que isso (elevação dos combustíveis) não irá acontecer, porque com certeza acontecerá”, prevê. O integrante da CNT adianta que as empresas de logística sofrerão os reflexos e os custos deverão ser repassados.
O presidente do Sulpetro comenta que, conforme o governo, a defasagem entre o petróleo e os combustíveis gira em torno de 19%. “Contudo, acredito que o governo não tem intenções de subir (o preço da gasolina e do diesel) no momento, porque quando isso ocorre, aumenta a inflação”, argumenta. O empresário aposta que serão procuradas outras soluções para amenizar esse cenário, sem alterar os valores dos combustíveis, mesmo estando defasados.
O dirigente ressalta que o Brasil ainda importa gasolina a preços mais altos no exterior do que é vendida no varejo interno. “Isso gera um déficit muito grande”, salienta. Entretanto, o presidente do Sulpetro não pensa que a elevação dos combustíveis esteja atrelada às eleições.
Oliveira enfatiza que o revendedor não tem interesse em aumentos de preços, pois os postos acabam apenas sendo repassadores do incremento e há queda de vendas quando isso acontece. Os dois dirigentes  participaram da 16ª Feira e Congresso de Transporte e Logística — Transposul, que se iniciou na terça-feira e será encerrada hoje, no Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre.