Trento abre o mercado europeu para brasileiros

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A cidade de Trento, na Itália, pode ser o caminho de entrada de startups brasileiras no mercado europeu. Investidores italianos estiveram na semana passada, em Porto Alegre, para apresentar o centro de inovação e pesquisa Trento Rise e identificar possíveis interessados em se instalar no parque. A comitiva, composta de três italianos e um brasileiro, participou do 6º Culturas da Inovação — Seminário Internacional, na Pucrs. “Temos a missão de identificar empresas para fazer propostas e levar a Trento, e também analisar projetos bilaterais entre Porto Alegre e Itália”, esclarece o coordenador de inovação do Trento Rise, Sandro Battisti.
Nascido em Porto Alegre, Battisti estudou engenharia elétrica na Pucrs, onde conheceu o professor Eduardo Giugliani, que intermediou o contato entre o Trento Rise e a universidade da capital. Em abril de 2013, o projeto começou a sair do papel. “Já temos um acordo de troca com o Tecnopuc: enviamos uma startup italiana ou europeia para cá e recebemos no nosso parque empresas gaúchas e brasileiras”, garante Battisti. Mesmo que o Tecnopuc seja o primeiro contato, Battisti garante que os italianos estão abertos a startups de todos os lugares.
Para as empresas selecionadas, os italianos oferecem um programa de aceleração com investimento de € 25 mil para que startups se instalem fisicamente no parque, além de um treinamento de seis meses no qual ensinam como abrir uma empresa no país. No último ano, 18 empresas participaram do programa, mas nenhuma era brasileira. No entanto, a grande vantagem, garante Battisti, é a entrada em um mercado muito maior. “Quem vai para lá não pensa no mercado italiano, mas em todo o mercado europeu”, afirma. O centro é um dos núcleos da rede de Tecnologia da Informação e Comunicação ligada ao European Institute of Innovation & Technology (EIT), que mantém também centros de inovação na Alemanha, França, Holanda, Inglaterra, Suécia e Finlândia. Até o fim de junho, o EIT deve abrir um escritório no Vale do Silício, facilitando a entrada das startups também nos Estados Unidos.
O Trento Rise foi criado em 2010 e é mantido pela província independente de Trentino – que possui autonomia em relação ao estado italiano. Por isso, a região conta com suas próprias linhas de financiamento. O centro de pesquisa, por exemplo, conta com € 76 milhões em verbas destinadas pelo governo local. O que garante, diz Battisti, recursos para diferentes formas de financiamento. Cada caso é avaliado e os incentivos podem mudar — desde subsídio para o aluguel até maiores verbas para instalação.
A seleção das empresas é feita através da metodologia pitch, apresentações de slides de poucos minutos para vender sua ideia ao investidor. Não é, no entanto, necessário ir até à Itália. A proposta pode ser enviada por vídeo e, caso haja interesse, os proponentes serão convidados para uma entrevista pela internet. A nova fase de recebimento de propostas deve abrir entre setembro e outubro, e as datas serão divulgadas no site da instituição.