Capital aposta no turismo de eventos
As oportunidades promovidas pela Copa do Mundo trouxeram para Porto Alegre mais do que a expectativa temporária, mantida apenas durante a realização do Mundial. O evento esportivo, considerado o maior do planeta, impulsionou segmentos que, depois de instalados, tornam-se parte da estrutura da cidade, ficam como legado, termo que tem sido explorado à exaustão, mas que representa bem o setor hoteleiro.
Os investimentos em ampliação da rede aumentaram em mais de 53% o número de leitos disponíveis na Capital, que passaram de 13 mil em 2007, ano que foi anunciada a realização da Copa do Mundo no Brasil, para 20 mil neste ano. E, apesar de estarmos em um ano atípico, o boom hoteleiro mantém-se forte.
De acordo com o superintendente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, José Amilton Lopes, a perspectiva é de que, nos próximos dois anos, a quantidade de leitos chegue a 24 mil. “Porto Alegre não precisaria ter mais hotéis. É desafiador esse cenário, mas o mercado aposta nesse crescimento. Os investidores olham para Porto Alegre com a perspectiva de que a cidade tem espaço para evoluir”, pontua. O desafio está colocado: como adequar oferta e demanda para além da Copa do Mundo?
A resposta possível, e que ganha cada vez mais evidência no mundo todo, vem de um setor específico do ramo, o turismo de eventos e negócios. O segmento – conhecido também como Mice (Meetings, Incentives, Conventions e Exhibitions, ou, em português, Encontros, Incentivos, Convenções e Exposições) – é disputadíssimo. A cidade que recebe um evento de grande porte garante o movimento de toda uma cadeia, que engloba acomodações, gastronomia e uma série de serviços, com um ganho a mais: atrai um perfil diferenciado de turista, que tem um consumo médio maior do que os demais.
“Todas as pesquisas a que temos acesso, feitas até por órgãos públicos, apontam que o turista de eventos investe quase o dobro do que um visitante corporativo ou de lazer. O corporativo gasta, em média, R$ 150,00 por dia, enquanto que o de eventos deixa na cidade R$ 320,00”, dimensiona Lopes. Além do ganho econômico, o superintendente do CVB ressalta que há ainda um ganho de conhecimento para a cidade que sedia congressos e seminários. “O evento, quando vem, deixa capital de conhecimento, porque a incidência de participação no local é maior, e o conhecimento se dissemina muito mais.”
Segmento de negócios atrai riquezas para a metrópole gaúcha
Assim como a Copa do Mundo, o Mice também traz para o País uma leva de visitantes internacionais. De acordo com avaliação do Ministério do Turismo, a principal razão da vinda de estrangeiros para o Brasil é o lazer, seguido de negócios, eventos e convenções, com a mesma distinção de gastos apontada pelo Convention Bureau de Porto Alegre. Em 2012, o gasto médio por turista estrangeiro que visitou o País a lazer foi de US$ 73,77 contra US$ 120,25 do visitante que veio a negócios ou para participar de eventos.
Porto Alegre, nesse cenário, está entre os principais destinos do País. No período avaliado, entre 2006 a 2012, oscilou entre a terceira e a quarta posição do ranking, liderado por São Paulo e Rio de Janeiro. A posição da capital gaúcha tem sido disputada com Curitiba, mas as duas cidades tiveram resultado bem próximo em 2012. Curitiba respondeu por 4,4% da demanda no segmento e Porto Alegre foi responsável por 4,1% do total. Ambas ainda ficam muito abaixo das líderes São Paulo (48,3%) e Rio de Janeiro (23,9%).
O que determina a preferência por uma ou outra cidade é a capacidade de sediar o evento, o que pressupõe não só uma rede hoteleira estruturada, amparada por serviços de qualidade, mas também a presença de espaços que comportem um grande número de pessoas. “O turismo de negócios e eventos já é um segmento avançado em Porto Alegre. Isso não é de hoje, houve uma decisão deliberada do trade turístico com a área pública de investir nesse setor. Atingimos um patamar importante, mas, para crescer, precisamos seguir investindo”, detalha o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.
No ranking mundial do International Congress and Convention Association (ICCA), que acompanha a realização de eventos associativos internacionais, o Brasil ocupa a 7ª posição. Quando avaliado apenas o cenário nacional, de acordo com a mesma entidade, Porto Alegre ocupa posição entre as principais cidades do País. Em 2004, 2007 e 2008, a Capital recebeu, respectivamente, 14, 12 e 13 eventos do segmento, o que fez com que figurasse na 4ª posição da listagem. Em 2012, foram 12 eventos, mas a cidade ocupou o 7º lugar.
“Porto Alegre é muito importante para a América do Sul, está próxima da Argentina e do Uruguai, e tem infraestrutura para sediar eventos internacionais”, ressalta o presidente do ICCA na América Latina, Santiago Gonzalez.
Futuro centro de convenções vai assegurar mais competitividade
Investimentos público e privado reforçam potencial da cidade
- Número de participantes: 127.410 (2011) 93.520 (2012) 150.132 (2013)
- Pernoites: 181.536 (2011) 109.168 (2012) 229.756 (2013)
- Impacto econômico: R$ 44 milhões (2011) R$ 74 milhões (2012) R$ 97,4 milhões (2013). Fonte: Porto Alegre Convention & Visitors Bureau