Ativistas debatem rastreamento de informações na internet

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A internet sob ataque foi tema da palestra destaque dessa sexta-feira (5) no 14º Fórum Internacional do Software Livre (Fisl), que acontece no Centro de Eventos da Pucrs, em Porto Alegre. Participaram da discussão os ativistas João Carlos Caribé, Pedro Antônio Rezende e Sérgio Amadeu da Silveira.

Para contextualizar alguns fatos atuais sobre a questão, o público acompanhou em vídeo uma matéria sobre o caso do americano Edward Snowden, que está sendo perseguido pela inteligência americana por divulgar informações secretas sobre programas de vigilância do governo dos Estados Unidos e britânico.

Segundo Caribé, o controle da internet é o objetivo do establishment, uma parceria entre corporações e o governo. O ciberativista do Movimento Mega apontou algumas das estratégias de rastreamento e modulação da internet usadas por esses grupos. Entre elas estão a privatização e a militarização da internet, citando a criação no Brasil de secretarias especializadas na segurança cibernética.

O palestrante mostrou também as consequências do controle da internet por uma pequena minoria detentora do poder. A simples sincronização do Facebook com a agenda de telefone do usuário seria mais uma ferramenta para o programa obter dados sobre o cibernauta, como telefones e nomes de amigos.

O sociólogo e defensor do software livre Sérgio Amadeu atentou também para os perigos do totalitarismo na internet. Segundo ele, as empresas retiram parte da liberdade do usuário na rede em troca de segurança. Esta troca, na opinião de Amadeu, não deveria ser encarada como algo natural.

Ele apontou que são as motivações econômicas que levam a minoria que detém o poder a controlar a internet, trazendo o exemplo da empresa de telecomunicações Telecom, que quebra a neutralidade da rede ao rastrear dados e informações, a fim de submeter o que for de seu interesse ao seu controle e ainda modular o fluxo de informações.

De acordo com dados fornecidos pela empresa americana de tecnologia Cisco, o tráfego de dados em dispositivos móveis no Brasil aumentará 19 vezes até 2016. As empresas de telecomunicação do País devem estar prontas para aumentar a capacidade de transmissão de dados igualitariamente na internet, e não em favor das empresas que se beneficiam com o controle dela, afirmou o ativista.

O professor Pedro Antônio Rezende entra na luta por uma maior liberdade na internet apresentando para o público o Movimento de Obediência Civil, do qual faz parte. O estudo aponta informações que dizem respeito à falta de base legal no recadastramento eleitoral biométrico promovido pelos Tribunais Regionais Eleitorais para coletar dados físicos dos eleitores. O site do movimento traz um modelo de petição que pode ser usado para dispensar o cidadão de fornecer dados biométricos ao. As palestras de atividades do Fisl continuam até esse sábado (6) na Pucrs.