DC Set terá espaço para eventos no Cais Mauá

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Sem data ainda para o começo das obras, a tão esperada revitalização do Cais Mauá ganha fôlego pelo menos para atrair empreendedores. O mais recente operador a acertar a locação de um espaço entre as instalações do conjunto à beira do Guaíba é a DC Set, que atua com promoção e marketing de eventos e empresaria turnês e shows do cantor Roberto Carlos. A minuta para o futuro contrato foi firmada na semana passada com a coordenação da Porto Cais Mauá do Brasil, consórcio que arrendou a área do cais por 25 anos. O mesmo prazo é previsto para a operação da DC Set, que organizou a inauguração da Arena do Grêmio no fim do ano passado e faz a gestão da Ópera de Arame, em Curitiba. Consórcio, prefeitura e governo estadual asseguram que o prazo de conclusão da restauração dos armazéns, chamada de primeira fase, mantém-se para a Copa do Mundo de 2014. O dado novo agora é que são os investidores que têm pressa em ver os negócios gerando rentabilidade.
Diretores da Finance Moinhos, que assessoram a gestora de fundos de investimentos NSG, que adquiriu 39% do capital do consórcio em dezembro passado, revelam que a empresa de Dody Sirena (fundada em 1979, no Rio Grande do Sul) montará uma arena de eventos e, possivelmente, um restaurante no prédio do antigo frigorífico, situado próximo à Estação Rodoviária, com 5 mil metros quadrados. Da construção, deve ser conservada a fachada. José Antônio Bittencourt, um dos diretores da Finance Moinhos, informou que, para fechar a negociação, foram asseguradas melhorias e acessibilidade à futura arena pela rua Ramiro Barcelos, com uma passagem sob a avenida Castelo Branco. “Já pedimos orientações à prefeitura e vamos fazer em parceria”, adiantou Bittencourt. Para liberar e aprovar orçamentos da execução de restaurações e demais obras da primeira fase, uma reunião dos acionistas ocorrerá na próxima terça-feira no escritório do consórcio que já funciona no quarto andar do prédio-sede da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). Até 2014, a SPH deve ganhar novas instalações na área operacional do porto.
Com prazo apertado, a dupla de arquitetos restauradores Jussara Valentini e Roberto Martins, da ArquiBrasil, com sede em Curitiba, concluiu, no sábado passado, o levantamento das condições dos armazéns a serem revitalizados. Testes de rigidez de paredes e corrosão (a estrutura é metálica) indicaram a exigência das melhorias e a dimensão de custos. Segundo Jussara, apenas uma das construções está mais deteriorada. A dupla fará o projeto de restauração, que será submetido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e ao município. Os armazéns A e B e o pórtico são tombados pelo Iphan. A superintendente do órgão no Estado, Ana Lúcia Meira, informou que o tempo de análise dependerá dos dados. “No Cais Mauá, o Iphan não foi procurado pelos executores e não indicamos diretrizes”, informou Ana.
As próximas definições de exploração comercial do complexo devem envolver as bandeiras de dois hotéis (um boutique, no prédio ocupado pela SPH, e outro de padrão internacional) e o shopping center. O grupo Vonpar, licenciado da Coca-Cola, montará em um dos armazéns equipamento de lazer que seguirá conceito de museu futurista ou fábrica virtual da marca de refrigerantes. O complexo é prometido para a Copa do Mundo de 2014, até porque a Coca-Cola é uma das patrocinadoras da competição. A coordenação da Porto Cais Mauá do Brasil, que pertence ainda à espanhola GSS (51%) e ao grupo brasileiro Bertin (10%), busca finalizar estudos técnicos e de restauração dos armazéns para obter licenciamentos e autorizações de órgãos do patrimônio histórico para começar as intervenções até o fim de março ou começo de abril.
“Estamos lutando para isso”, traduz o coordenador-executivo da arrendatária, Mário Freitas. O secretário municipal de Desenvolvimento da Capital, Edemar Tutikian, assinala que a tramitação deve ser agilizada, pois os estudos e ajustes em projetos estão sendo feitos à medida que o consórcio conclui etapas. “Em 2012, foram eliminados os senões que atrapalhavam o projeto. Estamos evoluindo bem, mas demora para sair”, admitiu Tutikian, que espera ver as primeiras movimentações este mês para aprontar até março de 2014. “Até a Copa é sagrado.”

Complexo pode alcançar aportes superiores a R$ 700 milhões

Depois do ingresso da gestora NSG, com sede no Rio de Janeiro, o complexo do Cais Mauá, na Capital, teria virado objeto de desejo de investidores institucionais. Para o trio de sócios-diretores da gaúcha Finance Moinhos, Silvio Marques Dias, José Antônio Bittencourt e Ademir Schneider, que faz a assessoria econômica da gestora na operação e intermediou a negociação para a compra de 39% do capital dos espanhóis da GSS no consórcio, a aposta dos novos acionistas inseriu o empreendimento gaúcho no visor de outros gestores e detentores de recursos. “O assédio é grande”, garante Schneider. Com o novo potencial, o complexo poderá movimentar mais de R$ 700 milhões, bem acima dos R$ 460 milhões estimados em 2010.
Para aproveitar a safra de potenciais aplicadores, Finance e NSG negociam a criação de um novo fundo imobiliário para captar investidores. O primeiro produto financeiro, com aporte avaliado em R$ 300 milhões e capital majoritário da NSG, tem a estruturação financeira liderada pelo Banrisul. O registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve ser encaminhado em até 30 dias, tendo à frente uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). Os recursos serão canalizados para o shopping (34 mil metros quadrados e 30% da NSG), business park (que inclui hotel e soma 60 mil metros quadrados, 100% da gestora) e a reforma da sede da SPH.
O novo fundo, em gestação com o Banrisul, deverá contemplar a construção de um hotel de classe econômica. A cifra não foi revelada. As tratativas para o ingresso da NSG na empresa Porto Cais Mauá do Brasil ocorreram em tempo recorde, entre julho e setembro de 2012. A formalização e o anúncio foram feitos em dezembro. Um estudo encomendado pela gestora confirmou que o complexo na Capital ofereceria grande retorno aos investidores, IPCA mais 7% ao ano. “Antes, a NSG pagou R$ 2 milhões de garantia, depois, o estudo mostrou que o negócio era muito bom”, descreveu Dias.

Confira abaixo a entrevista da repórter Patrícia Comunello com a arquiteta Jussara Valentini: