Polo naval construirá novas plataformas
A companhia instalará seu estaleiro em São José do Norte (cidade separada de Rio Grande pela Lagoa dos Patos). Uma fonte que acompanha a disputa da licitação acredita que a homologação do contrato com a Petrobras deve ocorrer em janeiro. Se confirmanda assinatura do documento, as obras do estaleiro iniciarão em fevereiro, e o complexo já deve começar a trabalhar nos módulos em outubro. De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), o valor da encomenda poderá atingir aproximadamente US$ 1,4 bilhão.
“Com este investimento, São José do Norte se integra à estratégia de desenvolvimento do Estado, que aposta no incremento de setores modernos na economia gaúcha, como a indústria oceânica”, diz o secretário da SDPI, Mauro Knijnik. Conforme a secretaria, a empresa deverá investir US$ 500 milhões na construção do estaleiro. A previsão é da geração de 4 mil empregos diretos, uma grande quantidade diante da população da cidade, de 25 mil habitantes.
Na semana passada, o superintendente do Porto do Rio Grande, Dirceu Lopes, e o presidente da EBR, Alberto Padilla, haviam assinado o contrato de uso temporário da área localizada no município de São José do Norte, onde o empreendimento deve ser instalado. O acordo entre a Superintendência do Porto do Rio Grande e a empresa tem como objeto terreno de 134.436 mil metros quadrados, área de cais dentro do porto organizado. O contrato vigorará pelo prazo de 60 meses a partir deste mês.
“É mais que um simples acordo bilateral, servirá de parâmetro para toda e qualquer negociação com as empresas off shore que vieram se estabelecer em Rio Grande”, afirmou Lopes. Já Padilla relatou que, em 90 dias, será apresentado à superintendência um estudo com os investimentos que serão feitos na área. “Este é o ato final de um ciclo. Agora está em nossas mãos, temos que ir em frente”, destacou o dirigente.
O presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester, ressalta que o município de São José do Norte tem condições de atrair, futuramente, outros estaleiros. “Essa é a nova fronteira”, prevê o dirigente. Ele salienta que o desafio ficará por conta da capacidade de infraestrutura, trabalhadores e transporte. Coester revela que AGDI, Fiergs e Metroplan estão concluindo um estudo quanto a intervenções em áreas que precisam ser desenvolvidas para que o crescimento da região seja melhor planejado. Uma das ideias da EBR é disponibilizar, inicialmente, um catamarã exclusivo para deslocar os trabalhadores do estaleiro que decidirem morar em Rio Grande, que possui hoje uma melhor estrutura que São José do Norte.
“O cenário da construção naval, hoje, é muito bom”, comemora o secretário de Assuntos Extraordinários focado na área de Desenvolvimento de Rio Grande, Gilberto Pinho. Ele frisa que em 2013 também deverá ser iniciada, pela empresa Ecovix, a construção de três navios-sonda, totalizando um contrato de US$ 2,36 bilhões.
O dirigente enfatiza ainda a continuação dos trabalhos, pela mesma companhia, dos cascos dos oito FPSOs (sigla em inglês para plataforma flutuante que produz, processa, armazena e escoa petróleo) replicantes para o pré-sal. O início da edificação do primeiro casco ocorreu em outubro deste ano, sendo que a entrega das oito encomendas acontecerá entre 2013 e 2016. Os FPSOs replicantes são uma nova geração de plataformas, concebidas segundo parâmetros de simplificação de projetos e padronização de equipamentos.
Segundo a Petrobras, a produção em série de cascos idênticos permitirá maior rapidez no processo de construção, ganho de escala e consequente otimização de custos. Cada FPSO terá capacidade para processar até 150 mil barris por dia de óleo e 6 milhões de metros cúbicos de gás diariamente.
“O polo de Rio Grande está consolidado, o que ele precisa agora é aprimorar a questão da produtividade e do treinamento de pessoas”, aponta Coester. Ele acrescenta que uma das expectativas é quanto ao “adensamento” de empresas ligadas à cadeia naval. “É uma região que tem muito potencial para desenvolver subfornecedores”, argumenta o dirigente. De acordo com o presidente da AGDI, há vários itens que as companhias da construção naval demandam, inclusive, simples artigos como uniformes e equipamentos de segurança, que podem ser ofertados por empresas gaúchas.
Outro assunto importante para a localidade será a formação de mão de obra para o polo naval. Coester relata que no próximo ano deve entrar em operação a escola técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), localizada no antigo prédio da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). O empreendimento será viabilizado devido a acordo entre governo do Estado e Fiergs.