Informais são maioria entre os operários da construção

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Do total de profissionais da construção civil que atuavam na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2011, apenas 39,6% tiveram suas carteiras de trabalho assinadas. A maioria (40,2%) dos ocupados com esta atividade no período estava inserida na condição de informal. “O percentual de trabalhadores atuando por conta própria nesta área é considerado alto”, alertou a coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) na Região Metropolitana de Porto Alegre, Ana  Paula Sperotto, que apresentou nesta quinta-feira o sétimo boletim Trabalho e Construção do Dieese, na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil da Capital (Sticc).
Mesmo que se observe algumas melhorias em relação à atividade, em comparação com outras localidades, Ana Paula destaca que a Grande Porto Alegre foi a área onde o emprego protegido apresentou o menor índice de trabalhadores, se comparada às outras seis regiões metropolitanas de capitais brasileiras avaliadas pelo sistema PED. No ano passado, a proporção dos ocupados inseridos através de carteira assinada no setor de construção civil nas demais regiões pesquisadas foi de 39,8% em São Paulo, 40% em Fortaleza, 45,6% no Distrito Federal, 47% em Belo Horizonte, 48,9% em Recife, e 52% em Salvador. A região metropolitana que apresentou menor índice de informalidade neste período foi Recife (27,1%). Porto Alegre e Fortaleza (45,5%) lideraram o ranking de ocupados trabalhando por conta própria na construção civil.
Um ponto positivo para o setor no Rio Grande do Sul é que as cidades do entorno da Capital foram as únicas que apresentaram equilíbrio da jornada de trabalho da construção civil com a da dos trabalhadores ocupados nas demais áreas da economia da região - ainda que os rendimentos dos profissionais da construção civil sejam inferiores aos dos demais profissionais ocupados. “Nas outras regiões, isso não acontece. É o exemplo de Fortaleza, onde a diferença na renda neste setor aumenta, devido à jornada extensiva de trabalho”, comparou Ana Paula.
A especialista alertou ainda para a baixa escolaridade e a idade avançada, duas das características predominantes entre os profissionais da construção civil nas sete regiões metropolitanas analisadas. “Existem vários programas de qualificação para o setor, e capacitar estas pessoas é fundamental, até para dar a chance de que os jovens se interessem pela atividade.” Segundo ela, a falta de qualificação é um dos fatores que explicam a presença em grande quantidade de trabalhadores de fora do Estado, muitas vezes contratados com rendimentos mais baixos que os salários de mercado.
Outros dados registrados pelo sistema PED nas sete regiões avaliadas mostram que, em 2011, a construção civil ocupou 1,5 milhão de trabalhadores. O mercado de edificações – dividido nos segmentos de construção e incorporação de edifícios e obras de infraestrutura - correspondeu a dois terços dos postos de trabalho do setor, seguido pelos serviços especializados para a construção. “Apesar dos investimentos recentes, as obras de infraestrutura ainda representam parcela reduzida das ocupações”, frisou Ana Paula.
A proporção de ocupados nos serviços especializados para a construção apresentou neste período uma grande variabilidade entre as regiões: em Belo Horizonte, atingiu 37,3%, enquanto em Salvador ficou em 16,8%. Já a divisão de obras de infraestrutura se sobressaiu em Recife, onde correspondeu a 8,7% do contingente do setor. Em Porto Alegre, o índice de trabalhadores inseridos em obras de infraestrutura foi de 4,6%. A maioria (78,5%) dos ocupados com o setor na Região Metropolitana da Capital atuou na construção e incorporação de edifícios. No Estado, a PED é realizada mensalmente pelo Dieese, em aproximadamente 2, 7 mil domicílios.