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Aeromot embarca aeronave Ximango para China
A gaúcha Aeromot, uma das três fabricantes de aeronaves no Brasil e pioneira no segmento de motoplanadores, embarcou o terceiro exemplar Ximango para a China. A encomenda integra acordo firmado há três anos com a China National Guizhou Aviation Industry, uma companhia do setor de aviação. O grupo, que produz aviões militares russos MIG e motores a jato, opera ainda em automóveis, ônibus e motocicletas. O negócio prevê que o modelo será montado no país asiático em escala comercial a partir de 2013, com produção anual projetada em 50 unidades, conforme o diretor-presidente da empresa com sede em Porto Alegre, Claudio Barreto Viana. O modelo será destinado a escolas de formação de pilotos. Em maio, executivos da Guizhou virão a Porto Alegre, sede da Aeromot, para analisar a inclusão no acordo da produção do monomotor Guri.
As tratativas podem incluir ainda fabricação de bimotores de quatro e seis lugares, destinados ao mercado de aviação executiva. Neste caso, o foco é a demanda interna e externa. “Com a combinação do motoplanador e do Guri, eles ganham mais autonomia para a formação de pilotos para mercado em geral. Muitos brasileiros atuam lá”, explica Viana. O dono da Aeromot lembra que há carência de profissionais para operar na região, tanto para o mercado interno chinês quanto para exportação. Para firmar o negócio, a indústria da Capital se tornou sócia do grupo na empresa a Guizhou Gaic-Aeromot, criada para formalizar a parceria de fornecimento de peças e repasse de tecnologia brasileira. O diretor-técnico da Guizhou Gaic-Aeromot será indicado pelo fabricante gaúcho. Viana lembra que o acordo segue formato das negociações dos investidores chineses.
O contrato é uma das apostas da fabricante gaúcha, que está em processo de recuperação judicial. A Aeromot tem 25% do capital e receberá 10% em royalties, já que é dona da tecnologia. Viana tenta emplacar os seus produtos em encomendas do governo estadual e federal, destinadas às ações de segurança da Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016. “Se conseguirmos uma escala de produção, poderemos retomar nosso fôlego”, condiciona o diretor-presidente. Oscilações do dólar e crise internacional, que congelaram pedidos e corroeram faturamento, estão na raiz das dificuldades. O plano aprovado pela Justiça tem cronograma a ser seguido para saldar débitos com credores.
O acordo com chineses teve início há três anos com uma joint venture. As duas unidades anteriores foram enviadas nos últimos três anos. A construção do terceiro exemplar trouxe a Porto Alegre 26 engenheiros e técnicos da Guizhou Aviation Industry, que permaneceram seis meses na Capital aprendendo a montar e confeccionar os modelos. Até outubro, mais dois carregamentos serão despachados com moldes e ferramentas restantes para a construção de unidades. Pelo acordo, a Aeromot produzirá trens de pouso e ferragens, e a indústria chinesa, peças de vidro e carbono. “A produção em série inicia-se no começo do ano que vem.”
A maior frota de Ximango está nos Estados Unidos, que soma 65 unidades entre donos privados, aeroclubes, polícia militar e academia da Força Aérea.