Governo faz plano para reduzir custo do empréstimo

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O plano que o governo elabora a pedido da presidente Dilma Rousseff para reduzir o custo dos empréstimos no País dará uma atenção especial às empresas. A avaliação da equipe econômica é que o spread (diferença entre o custo de captação de dinheiro pago pelos bancos e o que eles cobram dos clientes) das pessoas jurídicas tem oferecido mais resistência a cair, embora seja mais baixo que o das pessoas físicas. Por isso, a estratégia do governo será usar os bancos públicos para forçar uma queda das taxas de juros dos empréstimos, incluindo o aumento da oferta de linhas de financiamento mais baratas para o setor produtivo.
Não atacar essas taxas poderia comprometer a capacidade das empresas de aumentar investimentos e, principalmente, o crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), que é o patamar mínimo almejado pela presidente neste ano. O setor de serviços deverá ser um dos mais beneficiados. Esse segmento da economia vem preocupando o Banco Central (BC) porque tem uma inflação mais resistente. O indicador fechou 2011, por exemplo, próximo de 10%. Segundo o economista da corretora Prosper, Eduardo Velho, uma forma de minimizar o problema seria queda dos juros. “Isso vai se resolver justamente quando as empresas do setor de serviços tiverem um custo financeiro mais baixo”, afirma Velho.
Os técnicos do governo, entretanto, destacam que dar uma atenção especial às empresas não significa deixar de lado as pessoas físicas, cujo consumo também é importante para turbinar a atividade econômica. “Vamos trabalhar em todas as frentes, mas o spread das empresas é o que mais demora a cair”, afirma um integrante da equipe econômica.
Dados do BC compilados pelo Ministério da Fazenda mostram que spread bancário para o segmento corporativo ainda se encontra em patamar historicamente elevado. Nos últimos dois anos, o spread bancário para pessoa jurídica apresentou leve recuo. Houve em 2010 uma redução de 0,2 ponto percentual e em 2011 uma redução de 0,4 ponto, ficando em torno de 18 pontos. Para pessoas físicas, a margem é de 34 pontos.
Nas próximas semanas, os bancos públicos (especialmente Caixa e Banco do Brasil) entrarão diretamente na briga pela queda do spread, com uma campanha agressiva para mostrar que essas instituições cobram e vão continuar cobrando taxas mais baixas dos clientes. Segundo as fontes, o Banco do Brasil já reservou uma verba de até R$ 20 milhões para essa campanha publicitária. Esse dinheiro seria usado pela a Master – uma das três agências de publicidade responsáveis pela publicidade da instituição financeira. Ela ganhou a campanha institucional deste ano e terá cerca de R$ 60 milhões para divulgar a marca BB. Como venceu a principal concorrência do banco, a empresa também fará uma “campanha surpresa”. Os diretores ainda não divulgaram para as agências, mas se trata justamente da ação para divulgar que o banco vai liderar a queda dos spreads bancários no País.
Para a presidente, as taxas de juros cobradas nas operações de crédito,  especialmente com cartões,  são totalmente injustificadas, especialmente porque o Banco Central já começou a reduzir os juros e vem sinalizando para o mercado que essa tendência vai continuar.
Além disso, na avaliação do governo, vários outros movimentos no mercado contribuem para que os juros mais baixos tenham vindo para ficar. Um deles é justamente a enxurrada de dólares que entra no Brasil desde o início do ano. Esses recursos vêm para financiar as empresas com custos mais baixos. Esse movimento é uma ajuda para as companhias de grande porte, mas não alcança as médias e pequenas.
Por isso, é preciso que os bancos do País acompanhem o movimento de queda dos juros. Para economistas, as taxas cobradas no mercado interno são uma forte distorção da economia brasileira em relação ao resto do mundo. “É uma jabuticaba. Acabada a jabuticaba, teremos um piso para a taxa de juros e será compatível com qualquer outro país normal”,  afirma o professor da Unicamp Francisco Lopreato.

Cartão Bndes deve ampliar desembolsos em 2012 e fechar o ano com R$ 11,4 bilhões

Criado em 2002 para ser uma opção de financiamentos de investimentos simples às micro, pequenas e médias empresas, o Cartão Bndes deverá ter aumento de 50% nos desembolsos este ano, chegando a R$ 11,4 bilhões. O salto será menor que os 76% do ano passado, quando o volume chegou a R$ 7,6 bilhões, segundo o chefe do Departamento de Operações de Internet da Área de Operações Indiretas do Bndes, Ricardo Albano, porque a base de comparação é bastante elevada. Até dezembro, foram emitidos 472 mil cartões, que efetuaram 540.813 operações. Apesar do avanço nos últimos anos, os valores destinados ao cartão representam atualmente apenas 5,4% do total desembolsado pelo banco.
Cada cartão oferece crédito de até R$ 1 milhão às micro, pequenas e médias empresas em dia com INSS, FGTS, Rais e tributos federais. Os pagamentos podem ser parcelados em prazos de três a 48 meses, com taxa de juros prefixada, estabelecida mensalmente no portal do produto (www.cartaobndes.gov.br) e hoje de 0,97% ao mês. Uma empresa pode ter até cinco cartões, cada um emitido por um banco autorizado (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul e Itaú), e somar os limites em uma transação. “O cartão é sem dúvida o produto mais ágil do banco, é o nosso grande pulverizador de crédito, mas não é para compras de impulso. Temos 180 mil produtos e serviços cadastrados”, explica Ricardo Albano.
O tíquete médio das operações do cartão é de R$ 15 mil, o que pode ser pago, no prazo máximo, em parcelas de R$ 388,59, segundo simulação feita no site do cartão. De acordo com Albano, o mecanismo de financiamento é mais utilizado na compra de veículos comerciais, móveis, equipamentos de informática e insumos para os setores metalmecânico e têxtil.