Crescimento pode ser zero no terceiro trimestre

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O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse ontem que os indicadores apontam que o crescimento econômico brasileiro no terceiro trimestre de 2011 pode ser zero. No entanto, afirmou ele, já há sinais de uma recuperação da economia no quarto trimestre.
Barbosa disse que, depois da divulgação oficial do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, o governo pode reavaliar suas projeções. Ele destacou que, por enquanto, as estimativas para o crescimento da economia no ano variam de 3,2%, na expectativa do mercado, a 3,8%, que é a previsão do governo. Segundo ele, a moderação do crescimento da economia ocorreu em função do cenário internacional e de medidas adotadas pelo governo para melhorar as contas públicas e conter a inflação.
O secretário avaliou que as medidas já tomadas pelo governo este ano garantem uma expansão do PIB em ao menos 4% no ano que vem. Segundo ele, porém, uma aceleração para até 5% de crescimento ainda dependeria de novas ações governamentais. "Para chegar a 5% depende de ações do governo, cabe ao governo dar direção às expectativas. Para 2012, esperamos nova expansão do investimento público", afirmou, durante apresentação em evento que fez um balanço do andamento da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Entre as medidas já tomadas que teriam efeito em 2012, Barbosa citou o aumento previsto para o salário-mínimo em janeiro, as desonerações do Simples e do plano Brasil Maior, além do impacto defasado das reduções na taxa básica de juros ocorridas no segundo semestre deste ano. Segundo ele, o crédito livre deve retomar a trajetória de crescimento. "Já a política fiscal será neutra, não vai estimular nem puxar para baixo o crescimento. Vamos cumprir a meta cheia de superávit", completou Barbosa.
O secretário analisou que, mantida a condução da atual política econômica, será possível que o Banco Central continue com a trajetória de queda dos juros até 2014. Ele destacou que a taxa de juros no Brasil começou a cair no início do governo Lula, com a estabilização da economia, e continua com tendência de queda. Segundo ele, o mais importante para baixar os juros neste momento é a ampliação dos investimentos no País para aumentar a capacidade produtiva brasileira.
Ele destacou a revisão, na semana passada, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos dados de investimento em 2009. Disse que a revisão passou despercebida, mas deve alterar os dados de 2010 e 2011. "A implicação para 2010 e 2011 a gente não sabe, mas muda a referência", destacou. A taxa de investimento em 2009 subiu em 1,2 ponto percentual para 18,1% do PIB.

Inflação deve cair a patamar abaixo de 5% em 2012

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, avaliou que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve desacelerar para um patamar inferior a 5% em 2012. Para 2011, completou, a evolução de preços deve se manter dentro do intervalo superior da meta (de 6,5%), "apesar dos choques internos e externos que elevaram a inflação".
Para Barbosa, entre os fatores que levarão à desaceleração da inflação está a perspectiva de estabilidade ou queda nos preços internacionais das commodities. Além disso, acrescentou, alguns preços monitorados - como o de energia elétrica - terão reajustes menores em 2012. "Também esperamos maior estabilidade nos preços do etanol, ao contrário do choque que houve em 2011", completou.
Apesar das incertezas que pairam sobre as economias dos Estados Unidos e da Europa para o próximo ano, o secretário executivo da Fazenda avaliou que a atual crise nos países avançados não deve se transformar em uma crise financeira nos moldes da que ocorreu em 2008. "É provável que os EUA tenham um ano de baixo crescimento e que a Europa passe por uma recessão, mas crise não deve afetar seriamente o sistema bancário mundial", afirmou Barbosa.