Internacional ainda sonha com a Copa das Confederações

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De olho em Zurique, na Suíça, dirigentes colorados alimentam a esperança de ver o estádio Beira-Rio e Porto Alegre entre as sedes da Copa das Confederações de 2013. Não ter ainda o contrato firmado com a construtora Andrade Gutierrez para a reforma de R$ 290 milhões do estádio pode não ser o maior complicador na reta final da escolha, a ser anunciada amanhã pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Fontes locais acreditam que a decisão será baseada em critérios mais subjetivos, entre os quais o fator político.
Pré-teste para o Mundial do ano seguinte, a competição é sinônimo também de receita com a atração de visitantes. Como o Uruguai estará na disputa, a crença dos gaúchos é de que a Fifa vai querer posicionar a seleção vizinha mais perto de sua torcida. Além das sedes de 2013, a reunião da federação define oficialmente as chaves e como serão as etapas para o Mundial de 2014, incluindo abertura. O presidente regional do Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) em São Paulo e coordenador da entidade para as obras da Copa, José Roberto Bernasconi, aponta que obras de três estádios preocupam mais.
No grupo, estão o Beira-Rio (reforma parada), a arena da Baixada (sem definição da construtora que tocará o projeto) do Atlético do Paraná, e a de Natal (Machadinho), que não saiu do chão. "No caso do Inter, pode pesar esta indefinição. Era importante ter obra andando", avalia o dirigente. "Mas a construtora Andrade Gutierrez tem capacidade para cumprir os prazos", afirmou o coordenador do evento no Sinaenco. Diante do impasse, ganham mais fôlego Recife, Salvador e Fortaleza.
A capital pernambucana pode ser a maior ameaça à pretensão porto-alegrense. Até a proximidade entre o governador pernambucano, Eduardo Campos, e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que também preside o Comitê Organizador Local (COL) da Copa, indicariam uma vantagem em relação à Capital gaúcha. De outro lado, apoios como o da presidente Dilma Rousseff, torcedora do Inter, pode não ter grande efeito ante uma relação nada amistosa com Teixeira.
Na sexta-feira passada, quando Dilma veio anunciar o metrô da Capital, o governador Tarso Genro ligou para o presidente da CBF e pediu 60 dias para o clube arranjar seu contrato. "Ele disse que ia pensar", reproduziu uma fonte. "O estádio pernambucano está no começo, e o do Inter está pronto. Só falta a conclusão das arquibancadas inferiores e ajustes nos vestiários. Mas isso pode não significar nada", contrastou outra fonte. Na direção colorada, o presidente Giovanni Luigi assegura não ter carta na manga e aposta que não será a inexistência de acordo com a construtora que irá afastar a competição. "Espero que a decisão seja técnica e não política", projeta Luigi. O clube também se agarra ao fato de a Fifa nunca ter exigido a assinatura do contrato como requisito para 2013.
O presidente do Conselho Deliberativo, Luiz Carlos Bortolini, faz coro a Luigi sobre as chances do Beira-Rio. "Temos condições plenas. Nosso contrato será firmado com cautela e todo cuidado para evitar contratempos na execução", ressaltou Bortolini. A expectativa é começar a tramitar a minuta do documento nos conselhos até o fim do mês. "Há muitos interesses envolvidos, entre políticos, técnicos e financeiros, na definição da Copa das Confederações. Não sei qual pesará mais", pondera Bortolini.

Quase 20% das construtoras sentem efeitos do Mundial

Oitenta e cinco por cento das empresas de construção civil acreditam que a Copa do Mundo de 2014 trará impactos positivos para o setor e 18% informaram já perceber esses efeitos em seus negócios. As informações fazem parte de um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado ontem. A pesquisa consultou 411 empresas de todo o País, entre 1 e 15 de julho. Foram 212 de pequeno porte, 149 de médio porte e 50 grandes empresas. Para metade (47%) das empresas consultadas, o megaevento esportivo provocará benefícios na própria empresa.
A expectativa sobre os efeitos da Copa do Mundo no setor aumentam conforme o porte da empresa. Todas as empresas de grande porte ouvidas afirmaram acreditar no impacto positivo do megaevento esportivo. Entre as de médio porte, 86% concordam com a afirmação. O número cai para 81% entre as pequenas empresas. Das médias, 6% acham que o impacto será negativo e 8% que não haverá alterações. Entre as pequenas, 12% avaliam que a influência da Copa no setor será negativa e 8% dizem que não haverá impacto.
A razão para o pessimismo de algumas pequenas e médias empresas pode ser a possibilidade de falta de mão de obra e aumento de custo que as obras da Copa poderão ocasionar, segundo o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. "A própria pesquisa mostra que isso pode acontecer. As empresas que acham que os impactos podem ser negativos devem ter feito essa avaliação."
Na avaliação dos empresários do setor, a mão de obra é o maior gargalo para a execução da Copa no Brasil. A falta/alto custo de mão de obra foi a resposta mais citada, com 71%. "Hoje existe um problema da falta de mão de obra e que vai continuar existindo, porque a demanda esta maior do que a oferta", diz Fonseca. "Não acreditamos que a obra não vai deixar de acontecer por causa da falta de mão de obra, mas vai gerar aumento de custo e atrasos na entrega." A burocracia no processo licitatório foi a segunda opção mais assinalada, com 48% das respostas. Em terceiro lugar na lista dos maiores gargalos ficou o prazo curto para término da obra ou serviço (45%), seguido da elevada tributação (43%).