Sob pressão da crise, BC reduz a taxa Selic

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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, indo de 12,5% para 12% ao ano, depois de cinco altas seguidas. Esta é a primeira vez no governo Dilma, iniciado em janeiro deste ano, em que a taxa é reduzida. De qualquer forma, ela continua sendo a maior desde janeiro de 2009, quando era de 12,75%. Analistas esperavam uma parada na alta dos juros. A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação.
Na segunda-feira, o governo anunciou economia extra de R$ 10 bilhões para enfrentar a crise e esperava uma redução dos juros. A economia adicional significa aumento da meta do superávit primário do governo federal, de R$ 81,7 bilhões para R$ 91,7 bilhões. Superávit primário é quanto o governo consegue economizar para pagar sua dívida.
Entre outras coisas, o governo pretendia que os juros caíssem. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o aumento da economia também permitirá que os juros caiam. "Abre espaço para queda da taxa de juros, quando o Banco Central entender que é possível."
Esta foi a sexta reunião do Copom sob o mandato da presidente Dilma Rousseff e com o BC sob o comando de Alexandre Tombini. Nas cinco reuniões anteriores, o comitê decidiu elevar a taxa. Nas duas primeiras, a alta foi de 0,5 ponto percentual. Em outras três posteriores, o aumento foi de 0,25 ponto percentual. No início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75% e agora registra 12% ao ano. O próximo encontro será em 18 e 19 de outubro.
Mesmo com a decisão que surpreendeu as apostas dos analistas de mercado, para a central sindical União Geral dos Trabalhadores (UGT) "a queda é um começo para trazer os juros no Brasil a um patamar aceitável, mas ainda faltou ousadia ao Copom, que optou por uma queda tímida, sem tirar do País o nada honroso título de campeão mundial em juros" diz o presidente da UGT, Ricardo Patah. "Vários indicadores sinalizam que a economia brasileira está se desacelerando, e a inflação já não pode ser usada como desculpa para manter os juros abusivos. Por isso, a UGT defende a revisão urgente dessa política de juros extorsivos a pretexto de estabilização da economia."
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) viu na redução da taxa Selic um importante passo dado pelo Copom para enfrentar as dificuldades que a economia brasileira começa a sentir com a nova fase da crise mundial. Segundo a entidade, o Banco Central priorizou a sustentação da atividade econômica num momento de menor ímpeto da inflação. Na visão da CNI, a redução indica que o Banco Central iniciou um novo ciclo de flexibilização monetária, cuja magnitude irá depender dos desdobramentos da crise e de suas implicações na economia do País. Assinala a entidade que a mudança na política monetária ocorre simultaneamente à disposição de uso mais intenso da política fiscal.