Economia do governo no semestre foi de R$ 55,5 bilhões

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Impulsionadas pela forte arrecadação de tributos, as contas do governo federal encerraram o primeiro semestre com um saldo positivo de R$ 55,5 bilhões, uma alta de 123% em comparação com igual período de 2010. Com isso, 68% da meta estabelecida para o ano já está cumprida. O resultado de junho, R$ 10,5 bilhões, é o maior para o mês já registrado na série do Tesouro Nacional, iniciada em 1995. O saldo acumulado nos 12 meses encerrados em junho, R$ 109,7 bilhões, também é recorde.
O resultado vistoso é resultado, basicamente, do aumento das receitas. Elas cresceram 19,3% na comparação com o primeiro semestre de 2010. As despesas foram contidas, mas isso não impediu que elas registrassem aumento de 10,8% no mesmo período.
Esse desempenho, porém, vai mudar. A partir de agora, o governo vai economizar menos. "A previsão é que o resultado primário no segundo semestre seja menor do que no primeiro", disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. O resultado primário a que ele se refere é a diferença entre as receitas e as despesas do governo, excetuados os gastos com juros da dívida pública. As metas de desempenho das contas públicas, fixadas em lei, são para esse resultado.
Segundo o secretário, a busca de um resultado primário forte no início do ano teve como objetivo ajudar o Banco Central no combate à inflação. A redução dos gastos do governo ajudou a moderar a temperatura da atividade econômica, que estava superaquecida. No segundo semestre, admitiu ele, a ajuda do Tesouro ao BC será menor. Mesmo diante da inflação ainda acima da meta, não se cogita promover um corte adicional nas despesas.
O cofre será aberto, sobretudo, para os investimentos, grupo de despesas que foi mais sacrificado no início do ano. Os gastos no período somaram R$ 20,9 bilhões, apenas 1% acima do registrado no primeiro semestre de 2010. Desse total, R$ 17,5 bilhões foram liberados para pagar despesas contratadas no governo Lula. Do governo de Dilma, só foram gastos R$ 3,5 bilhões até agora. A expectativa é que esses gastos cresçam. Segundo Augustin, os investimentos deverão terminar o ano com um crescimento de 10% sobre 2010.

Aumento da arrecadação não será usado para elevar despesas

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o superávit primário acumulado de janeiro a junho de R$ 55,52 bilhões é bem maior do que os R$ 24,89 bilhões registrados no primeiro semestre de 2010. Ele reafirmou que o avanço da arrecadação não será utilizado para aumentar as despesas que estão crescendo em ritmo menor às receitas.
Mantega destacou a boa evolução da arrecadação, mas foi enfático ao afirmar que o governo não vai relaxar no cumprimento da meta do superávit primário que, segundo ele, será de 3% do PIB. "Posso garantir que não vamos usar o aumento da arrecadação para elevar as despesas. Não vamos liberar novas despesas com aumento de arrecadação."