{{channel}}
Atendimento a domicílio tem cada vez mais novas versões
Praticidade, falta de tempo ou de locomoção, impossibilidade de sair de casa e até mesmo o conforto e privacidade dos clientes são alguns dos motivos pelos quais profissionais e empresas têm atendido a domicílio. A alternativa tem sido absorvida por diversos setores do varejo e de serviços, uma vez que empresários e profissionais liberais se deram conta de que este mercado, mesmo ainda pequeno, pode acrescentar no faturamento do final do mês. O grande número de pessoas com mais de 60 anos também contribui para que a demanda não falte.
Atualmente, quem realiza atendimento domiciliar pode se gabar de oferecer um diferencial de mercado. Além disso, a iniciativa fideliza clientes, deixando-os mais satisfeitos. “Nosso maior retorno não é financeiro - a partir deste serviço, ganhamos muitas indicações”, diz o empresário Márcio Pretto, sócio-proprietário da loja Nove Meses, de roupas e acessórios para bebês, em Porto Alegre. Criado para atender às mães que precisam ficar em repouso, ou cujos bebês resolvem chegar um pouco mais cedo, a empresa oferece o serviço denominado Loja em Casa, disponível somente para a Capital.
“Acredito que este tipo de atendimento vire uma tendência - isso já existe há algum tempo e foi implementado por vendedores de joias”, diz Guilherme Foernges, diretor comercial da Óptica Foernges, que também disponibiliza consultores de vendas para atendimento domiciliar. Na visita realizada por profissionais da óptica, são levados os equipamentos necessários para a tomada de medidas individuais dos clientes – mediante apresentação da receita do oftalmologista -, juntamente com um mostruário com cerca de 60 modelos de armações de óculos.
A Foernges implementou o serviço em suas sete lojas no final de 2010. A maioria das pessoas que tem solicitado atendimento em casa tem mais de 60 anos e possui alguma dificuldade para se locomover. Segundo o empresário, a logística dispensada vale a pena: “Este perfil de cliente precisa de atenção e gosta de se sentir valorizado – eles ficam muito satisfeitos e felizes, é bem gratificante.” Mas qualquer pessoa pode solicitar o serviço, agendando por telefone. “Alguns executivos preferem este atendimento, por comodidade”, destaca o diretor comercial. Ele calcula que, a cada mês, cerca de 5% a 10% dos atendimentos da Foernges têm sido realizados a domicílio.
Já Márcio Pretto afirma que não há um volume muito grande de atendimentos domiciliares pela equipe da Nove Meses - a média é de um por semana - e que o negócio não chega a gerar faturamento significativo. “Às vezes, as visitas ocorrem também em escritórios ou hospitais. Esta facilidade conquista as clientes, que muitas vezes acabam indo até o espaço físico posteriormente, gerando novos negócios.” Para a arquiteta Shima Rezelman, o diferencial foi fundamental para que preparasse o enxoval de seus filhos gêmeos com tranquilidade. Desde o início, ela teve sua gravidez classificada como de alto risco, e precisou ficar em repouso a partir dos primeiros meses de gestação. “Eu mesma fiz o projeto do quarto, mas quando chegou a hora de ir às compras, eu já estava proibida até de andar pela casa”, recorda, destacando que o atendimento domiciliar propiciado pela loja Nove Meses “foi um achado”.
Violência e comodidade dos pacientes levam dentista a optar por consultório ambulante em São Paulo
Cansado de ser assaltado em seu consultório odontológico, onde trabalhou por 24 anos, no centro da cidade de Santos (SP), o cirurgião-dentista Edmundo Roque Chiari decidiu atender a seus pacientes em casa, em julho de 2010. “Santos é uma cidade com uma população idosa grande, então resolvi entrar nesta área, pois estes pacientes gostam de conforto e cansam mais fácil nas salas de espera”, argumenta o profissional. “Comprei um equipamento pela internet - que é totalmente elétrico e vem em uma mala de viagem, bastando abrir e ligar na tomada - e hoje levo meu consultório dentro do carro, inclusive a cadeira e o refletor, tudo é desmontável.” Além do equipamento portátil, ele carrega ainda uma central de esterilização para o material utilizado.
Para divulgar o trabalho, Chiari distribui panfletos e personalizou seu automóvel. O resultado foi positivo: atende a uma média de quatro pessoas por dia e até em um presídio já foi chamado para realizar um procedimento de urgência. “O atendimento domiciliar dá certo, porque no Brasil tem muito idoso – alguns acamados e com necessidades especiais –, sem contar que tem muita gente que não gosta de sair de casa pela segurança”, ressalta o cirurgião dentista.
Entre as vantagens da iniciativa, Chiari diz que agora pode economizar o dinheiro do aluguel de um espaço, e com isso cobrar valores mais acessíveis. Em compensação, conquista, na casa de alguns idosos, o restante da família. “É muito mais cômodo para os pacientes, o pessoal fica bem mais à vontade”, garante.
Facilidade já pode ser acessada em diversos segmentos econômicos
Entre outras profissões, também os veterinários estão se adaptando às necessidades do mundo moderno, com uma alternativa que lembra procedimentos do século passado, quando o médico visitava as famílias em casa. Logo que abriu seu negócio, há 15 anos, a veterinária Janaína de Azevedo, proprietária da Clinicat, em Porto Alegre, percebeu que deveria oferecer este diferencial, principalmente quando o animal a ser examinado fosse um gato. “Estes felinos não gostam de sair de casa - só isso já estressa, muda o comportamento deles”, explica.
A demanda pelo atendimento domiciliar é baixa, diz Janaína - cerca de 10% dos atendimentos do mês -, mas a vantagem é a fidelização de clientes. “Não me custa ir até o local, o cliente vai ficar feliz e vamos atender à necessidade do animal, dando o máximo de conforto para ele”, opina.
Foi também pensando no conforto de seu público-alvo que a empresária Vanda Calgaro, proprietária da grife Sharisma, de São Paulo, especializada em roupas para idosos, implementou, há dois meses, um serviço de atendimento a domicílio. “Profissionais capacitados com conhecimentos em enfermagem são disponibilizados para ir à casa dos idosos, para ajudá-los na prova das peças. Eles mostram quais são as funcionalidades das roupas, pensadas para facilitar a rotina de se vestir. Nada é cobrado a mais por isso”, explica a empresária paulista.
Em Porto Alegre, a cabeleireira Jussara Carvalho da Silva diz que resolveu fechar as portas do antigo salão de beleza para se deslocar até o ambiente eleito por cada cliente. Decidida a atender em qualquer bairro da cidade ou Região Metropolitana, ela divulga o trabalho pela internet e através de indicações. “Ofereço os mesmos serviços de um salão de beleza, incluindo maquiadores e cabeleireiros especialistas em penteados, que podem ser feitos onde estiver a cliente”, frisa.