A vez das colheitadeiras em Esteio

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Ao completar três meses da compra de um trator pelo programa Mais Alimentos, o agricultor de Santa Bárbara do Sul, Fabiano França, resolveu fazer um novo investimento e adquiriu uma colheitadeira da John Deere, aproveitando a inclusão dessas máquinas no programa de benefícios do governo federal. "Planto soja, milho e trigo e com a compra espero aumentar minha produção e também me dedicar à prestação de serviços, alugando essa máquina", disse o produtor.
Cientes da tendência de ocorrer com as colheitadeiras o mesmo boom de vendas que manteve em alta o setor de tratores durante a crise mundial, as fabricantes de máquinas decidiram focar os lançamentos da Expointer em diversas opções para os interessados em renovar a frota de colheitadeiras.
Para os empresários, a extensão do programa deve desencadear uma mudança de perfil dos usuários, que ao invés de alugar as máquinas ou manter por mais tempo as usadas na propriedade, terão a opção de adquiri-las com condições especiais, com prazo de dez anos para pagar e três anos de carência, juros de 2% ao ano, além de limite coletivo financiado de R$ 500 mil. "As perdas com as máquinas antigas sempre foram significativas. Se optar pela agricultura de precisão, então, é possível colher até 8% a mais", explicou o diretor de vendas da John Deere para o Brasil, Werner Santos.
França conta que a compra da máquina foi feita em parceria com seus irmãos e destaca a possibilidade de colher até 30 mil sacos de grãos ao ano com o novo equipamento. O agricultor, que planta em 140 hectares, pretende diversificar as atividades da propriedade oferecendo mão de obra qualificada para outros produtores.
A colheitadeira escolhida pela John Deere para ser incluída no programa Mais Alimentos foi a 1175, máquina de R$ 290 mil que, segundo o gerente de vendas da empresa no Brasil, Paulo Kowalski, é ideal para propriedades de médio porte - características do Rio Grande do Sul. "Se tem opção de comprar equipamentos top em tecnologia, com todos esses benefícios, o produtor não vai pensar duas vezes", aposta Kowalski. O executivo explicou que com uma máquina nova o produtor pode reduzir as perdas à metade. "Se antes deixava de colher 3%, esse índice cai para 1,5%. Seriam, por exemplo, 150 sacas em 10 mil, o que representa cerca de R$ 6 mil que o agricultor deixa de
perder."
No auge da crise financeira internacional, o Mais Alimentos, uma das linhas de crédito do Pronaf, foi o salvador da lavoura das máquinas agrícolas, mantendo aquecido o mercado de tratores. O modelo 75 cv é o líder de vendas do programa, representando 80% da comercialização. De julho de 2008 a abril de 2010, o Mais Alimentos destinou R$ 3 bilhões para projetos de modernização de propriedades familiares. Foram mais de 60 mil contratos. Mais de 10 mil resfriadores de leite e 26.277 novos motocultivadores e tratores de até 78 cv foram comercializados no período.
A New Holland escolheu uma das colheitadeiras líderes de mercado para incluir no programa. Trata-se de TC 5070, uma máquina cujo valor oscila de R$ 250 mil a R$ 290 mil, dependendo das configurações. Para o diretor comercial da New Holland, Luis Feijó, a medida do governo vai refletir na permanência do homem no campo. "Hoje o cenário está mudando: os jovens tendem a ficar, pois têm mais estrutura e recursos tecnológicos", disse. O executivo, que projeta alta de 10% nas vendas, acrescenta que a inclusão das colheitadeiras no Mais Alimentos é uma oportunidade para os pequenos produtores se unirem para adquirir um equipamento novo, já que o teto para esse equipamento é de R$ 500 mil.
Na Valtra, do grupo AGCO, a opção foi incluir o modelo BC4500. "Essa máquina está entre as líderes de venda, agrega simplicidade e alta capacidade de processamento, ideal para o produtor que deseja incrementar seus índices", afirmou o diretor de produtos da AGCO para a América do Sul, Jak Torreta Júnior. Ao custo de R$ 290 mil, o equipamento está incluído na classe 4, com sistema convencional de trilha e baixo custo de manutenção.
A Massey Ferguson preparou duas colheitadeiras para o Mais Alimentos, a MF 32 e MF 5650, com valores que oscilam entre R$ 250 mil e R$ 290 mil. "Esperamos aumentar a nossa participação de mercado nesse nicho, que hoje é de 15%", disse o diretor de Operações Comerciais da MF, Carlito Eckert. Segundo ele, de janeiro a julho deste ano houve um crescimento de 54% em vendas sobre o mesmo período do ano passado. Em colheitadeira, esse incremento chegou a 35%.