Princesa do Sul completa 198 anos e volta a reinar
De longe, na saturada e tetrapedagiada rodovia BR-116 que liga Porto Alegre a Pelotas, a silhueta da cidade já pode ser observada. Por décadas, Pelotas foi mais lembrada como a Princesa do Sul. Por ali faziam escala famosos grupos de teatro e espetáculos a caminho de Buenos Aires. Mansões e prédios centenários evocam a imagem da opulência econômica e cultural que a pecuária e as charqueadas proporcionaram no passado. Os filhos das famílias abastadas estudavam na Europa, trazendo hábitos e gostos requintados, fazendo da cidade um polo não apenas econômico, mas artístico e cultural. Ali a população convivia com o que havia de melhor na Europa. Cristais, talheres, lustres e tecidos. Um dos exemplares do comércio da época de ouro era o Bule Monstro, uma espécie de bazar, onde a princesa Isabel fez compras. No entanto, em que lugar do passado ficou Pelotas? Uma cidade que foi, antes de tudo, a mais culta do Rio Grande do Sul. Pelotas foi pioneira em muitas áreas e deu ao Estado políticos, artistas e empresários como Joaquim Oliveira e o pioneirismo nos supermercados. Dia 7 de julho de 2010 Pelotas completou 198 anos. Nesse dia, em 1812, foi elevada à condição de Freguesia de São Francisco de Paula. Em 2012, nos 200 anos, muitos festejos estão programados. A Princesa do Sul, hoje com 350 mil habitantes, merece. Pelotas quer voltar a seus dias de reinado de cultura e liderança política e econômica.
Patrimônio histórico é o que não falta em Pelotas. A recuperação do belíssimo prédio do Grande Hotel custará R$ 1,5 milhão. Com quatro pavimentos, ele tem 68 quartos, quatro apartamentos, duas suítes, salão de chá e vestíbulo coberto por uma claraboia de vidros coloridos. A renovação histórica permitirá o funcionamento de um hotel quatro estrelas, com uma Escola de Gastronomia e uma Escola de Hotelaria no subsolo do prédio. No entanto, quem vai a Pelotas não deixa de se encantar com a caixa d'água da Piratinino de Almeida, com 150 metros de circunferência. A caixa é sustentada por 45 colunas de oito metros de altura, e o conjunto está sendo restaurado através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Outra parada obrigatória é no Museu da Baronesa, que teve a visita de 12 mil pessoas em 2009. A cidade ainda tem o Theatro Guarany, o Museu da Presença Francesa em Pelotas e o Theatro Sete de Abril. A famosa praia do Laranjal é ponto de encontro no verão, e a Festa Nacional do Doce, (Fenadoce) um marco da cultura pelotense. Os doces de Pelotas têm fama nacional, com receitas que passam de geração em geração.