Expansão da Digicon vai demandar R$ 38 milhões

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O Grupo Digicon, o principal player gaúcho na área de tecnologia, com faturamento de R$ 315 milhões, está preparando uma expansão. Atualmente localizada em Gravataí, a fábrica ocupa uma área de aproximadamente 33 mil metros quadrados, o que já não é mais suficiente para abrigar as operações da Numericon, da Digicon e da Perto, essa última a principal empresa do grupo.
Os investimentos serão de R$ 38 milhões, por um período de dois anos, mas o local onde será construída a nova unidade ainda não está definido. De acordo com o presidente da Perto, Thomas Elbling, a empresa está considerando diversas possibilidades. Inclusive a de sair do Estado. "Obviamente que estamos olhando para o nosso site atual, mas precisamos ficar atentos com outros municípios gaúchos e do Brasil que apresentam incentivos interessantes para a produção, como São Paulo", observa. O executivo demonstra preocupação com a diminuição de competitividade frente aos principais concorrentes. Há pouco tempo, a Perto perdeu um importante negócio com um banco porque, apesar de ter o melhor preço, a sua proposta foi superior em função da tributação no Estado ser mais alta. "É frustrante perder um contrato dessa forma", lamenta Elbling.
A nova unidade deve ocupar uma área de 7 mil metros quadrados, e a meta é que esteja em funcionamento no segundo semestre de 2011. Os investimentos serão feitos também na compra de equipamentos para a produção de placas eletrônicas e de máquinas operatrizes e de corte a laser. A empresa já está mantendo conversas com a Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai).
A meta é ter uma carga tributária no mesmo nível da que está sendo concedida para as empresas de tecnologia em São Paulo e Manaus. Segundo Elbling, os benefícios poderiam envolver a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), créditos presumidos e impostos locais menores. São incentivos que, no final das contas, dão uma competitividade de 5% a 10% maior para as empresas localizadas nesses outros estados.
O Grupo Digicon veio de um forte crescimento no ano passado. A Perto, voltada para o segmento de automação bancária e responsável pela maior parte do faturamento - cerca de R$ 270 milhões -, teve um incremento de 60%. A empresa está concluindo um projeto importante de outsourcing (terceirização), que envolve 700 caixas eletrônicos do Banco de Brasília. A companhia ganhou a licitação no ano passado, fez a instalação das máquinas e este ano está recolhendo, através de cada transação realizada, parte dos investimentos feitos. É um contrato de cinco anos em um novo modelo de negócios, baseado em serviços, e que deve ganhar força nos próximos anos. Até então, a empresa apenas comercializava os terminais de autoatendimento e outros dispositivos bancários que fabrica.
Outro segmento para o qual o grupo projeta um expressivo crescimento é a de POS, que são os terminais para cartão de crédito usados em estabelecimentos comerciais. A Perto é a única fabricante brasileira desses dispositivos e concorre com players internacionais.
Foram quase quatro anos de investimentos e um time dedicado exclusivamente a esse desenvolvimento. "Temos um modelo de POS único, adaptado para a realidade brasileira e que também funciona como um correspondente bancário", revela. Em um mesmo terminal, é possível pagar contas, já que o sistema possui um leitor de código de barras. Tudo em um único equipamento.
Hoje a empresa conta com 7 mil terminais de POS instalados. A meta é produzir neste ano entre 30 mil e 50 mil unidades, apesar de ter uma capacidade produtiva de 200 mil terminais/ano. Outro produto incorporado recentemente à linha, nesse caso da Digicon, é o Sistema de Registro Eletrônico de Ponto, adaptado para a nova legislação que exige a emissão de um recibo para os funcionários.