Bolsa de São Paulo quer atrair mais 4,5 milhões de pessoas físicas até 2015

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Mesmo com todas as incertezas com o futuro de países da zona do euro e com a crise imobiliária dos EUA, de 2008, ainda no retrovisor, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) planeja aumentar seu número de investidores pessoas físicas dos atuais 556 mil para mais de 5 milhões até 2015.

A estimativa é do diretor de relações com as empresas da BM&FBovespa, José Antônio Gragnani. O salto de 809% implicaria a chegada de mais 4,5 milhões de investidores que, segundo os executivos do Bovespa, devem ser atraídos pela entrada de 200 novas empresas no mercado de capital nos próximos cinco anos.
O boom das pessoas físicas na Bovespa não surpreende o analista da Intrader, Leandro Silvestrini. Ele lembra que eventos importantes, como Copa do Mundo, que acontece em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, vão impulsionar a entrada de novos agentes no mercado financeiro.
Em junho, os investidores institucionais lideraram a movimentação financeira na Bovespa (35,02%, ante 34,27% no mês anterior). Na segunda posição, ficaram os investidores estrangeiros (28%). As pessoas físicas movimentaram 26,19%.
"Acredito que possa chegar a este número de 5 milhões, sim. A cultura do mercado está começando a entrar no Brasil. De 1992 para cá o índice Bovespa subiu 6.000%. A pessoa olha essa evolução, e percebe que o mercado pode ser uma boa opção. O Brasil é ainda um país com recursos naturais abundantes e está, de certa forma, mais blindado a crises ambientais do que outros países. Acredito que a participação de pessoas físicas supere a de investidores estrangeiros em breve",  afirma Silvestrini.
Para atrair novos investidores, Gragnani planeja, para os próximos cinco anos, aumentar em 50% a participação de empresas na bolsa brasileira - atualmente são 467 listadas nos mercados de capitais. O foco são as pequenas e médias corporações. Hoje o país tem mais de 15 mil empresas com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 400 milhões. Um potencial gigantesco.
"Se olharmos para o Canadá e para a Inglaterra, temos um mercado muito forte de empresas menores. Queremos e vamos desenvolver este mercado aqui. O Novo Mercado (listagem de empresas que se comprometem, de modo voluntário, com a adoção de práticas de governança corporativa, além das obrigações legais), há quatro anos, contava com apenas quatro empresas. Hoje temos 107 listadas", disse.
Apesar do momento de turbulência na BM&FBovespa, Gragnani é otimista em relação ao futuro. "A crise não chegou e tende a não chegar. Nossas condições macroeconômicas são muito superiores em relação a qualquer tipo de indicador. A situação do país é extremamente sólida. O Brasil se tornou um porto seguro para os investidores".
A economista Cristiana Pereira, diretora-adjunta de Projetos e Relações Internacionais da Bovespa, lembra que, de 2004 para cá, vários setores passaram a ser representados na Bovespa - empresas das áreas de saúde e educação apostaram abertura de seus capitais. "São novas oportunidades para o investidor", diz.
Quanto à possível entrada da Telebrás no Ibovespa, o índice de referência, Gragnani reforçou que o comunicado da Bovespa vetando esta possibilidade "foi bastante claro e esclarecedor". A estatal não está operacional, e suas ações têm sido negociadas a partir de especulações de que a empresa pode ser usada para gerir o programa do governo de expansão da internet em banda larga.