Déficit de US$ 166 milhões prejudica balança comercial

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A balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 166 milhões na segunda semana de junho, compreendida entre os dias 7 e 13, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). As exportações somaram US$ 3,767 bilhões no período e as importações, US$ 3,933 bilhões. Com o resultado, o superávit acumulado no mês de junho caiu para US$ 979 milhões.

As exportações somam US$ 6,969 bilhões, com média diária de US$ 871,1 milhões, o que representa um incremento de 26,4% ante a média verificada em junho do ano passado (US$ 689 milhões) e de 3,3% em relação a maio último (US$ 843 milhões). As importações somaram US$ 5,990 bilhões, com média diária de US$ 748,8 milhões, valor 59,4% superior ao desempenho médio verificado em junho de 2009 (US$ 469,7 milhões) e 10,3% maior que a média de maio deste ano (US$ 679 milhões).

No ano, a balança comercial acumula um superávit de US$ 6,588 bilhões. O saldo é 41,4% menor do que o verificado em igual período de 2009 (US$ 11,248 bilhões). Apesar do saldo menor, os dados mostram que a corrente de comércio (soma das exportações e importações) atingiu US$ 151,538 bilhões no ano, o que representa um incremento de 35,5% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado (US$ 111,802 bilhões).

As exportações somam US$ 79,063 bilhões no ano, com média diária de US$ 718,8 milhões, o que significa um aumento de 28,5% ante a média verificada em igual período de 2009 (US$ 559,3 milhões). As importações totalizam US$ 72,475 bilhões, com média diária de US$ 658,9 milhões, um aumento de 44,2% em relação à média registrada ao mesmo período do ano passado (US$ 457,1 milhões).

Os dados divulgados pelo Mdic mostram que foram feitos pequenos ajustes nos números da balança comercial em meses anteriores. O saldo comercial de janeiro, que tinha um déficit de US$ 170 milhões, foi corrigido para um déficit de US$ 175 milhões. O superávit registrado em fevereiro, de US$ 393 milhões, foi ajustado para US$ 391 milhões. Também foi feito um pequeno ajuste no número do mês de abril, que passou de um superávit de US$ 1,283 bilhão para US$ 1,281 bilhão. O saldo de maio foi ajustado de US$ 3,443 bilhões para US$ 3,444 bilhões.

Camex decide na quinta-feira imposto de importação do aço e o rumo das negociações com os Estados Unidos sobre o algodão

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve decidir na reunião marcada para quinta-feira a redução do imposto de importação para alguns tipos de aço e o rumo das negociações entre Brasil e Estados Unidos para a retirada dos subsídios americanos à produção de algodão. As negociações entre os dois países não devem ser encerradas na data marcada, dia 22 de junho. A Camex terá que então decidir se inicia as retaliações contra 102 produtos importados dos Estados Unidos ou se prorroga o prazo para fechar um acordo.

"Eu tenho a impressão que o Itamaraty vai relatar e provavelmente vai ser prorrogado por mais 60 dias, mas vai depender do debate dos ministros", afirmou uma fonte do governo. A Camex é formada por sete ministérios. Os diplomatas brasileiros temem que um novo adiamento possa colocar em descrédito a ameaça brasileira de aplicar as sanções comerciais autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

A posição do Itamaraty, se as negociações não evoluírem até quinta-feira, é de iniciar as retaliações, segundo a fonte. "O Itamaraty tem uma preocupação que é sistêmica. Esta foi uma grande vitória dos países em desenvolvimento contra os desenvolvidos. É um caso histórico. Ganhamos isso e queremos dar uma lição", ponderou.

O ministério da Agricultura, que também participa da Camex, defende a continuidade das negociações. O temor é que os EUA endureçam em outras frentes como a discussão para a retirada da sobretaxa aplicada ao etanol brasileiro. O próprio ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior tem adotado uma posição menos agressiva temendo contrarretaliações dos EUA, como a exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferência (SGP), que permite a exportação de alguns produtos brasileiros sem pagamento de imposto de importação.

A OMC condenou os subsídios americanos ao algodão após uma queixa do Brasil. A retaliação pode somar US$ 829 milhões com sobretaxas para a importação de produtos americanos e com a quebra de direitos de propriedade intelectual. O governo brasileiro já divulgou uma lista com 102 produtos importados dos Estados Unidos que podem receber sobretaxa para entrarem no País.

Para evitar o início da retaliação, o governo norte-americano concordou em adotar algumas medidas compensatórias, como a criação de um fundo de US$ 147 milhões por ano para compensar produtores brasileiros de algodão enquanto não retiram os subsídios. Em troca, o Brasil suspendeu o início da aplicação das sanções até 22 de junho para tentar fechar um cronograma definitivo de retirada dos subsídios, o que pode ocorrer somente em 2012, quando o Congresso americano irá votar a reforma da lei agrícola (Farm Bill). Se não houver nenhum compromisso formal do governo Barack Obama, o Brasil pode iniciar as retaliações na próxima semana.

AÇO - Outro assunto importante na pauta da Camex é a retirada do imposto de importação para alguns tipos de aço. O ministério da Fazenda prepara um relatório que será apresentado na reunião. A equipe econômica está monitorando a elevação dos preços domésticos e deve sugerir zerar o imposto para dois ou três tipos de aço. O governo quer evitar que o reajuste dos preços, provocados pelo aumento internacional do minério de ferro, seja abusivo a ponto de provocar uma pressão inflacionária. No passado, a Camex já reduziu o imposto de importação para 15 tipos de aço para aumentar a concorrência com o produto nacional. Estas alíquotas voltaram ao patamar original no ano passado.