Setor de bebidas se prepara para 2010 melhor ainda que 2009

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Depois de se salvar como um dos poucos segmentos da indústria a crescer em 2009, ano do tombo histórico de 7,4% da produção industrial do País diante da crise mundial, o setor de bebidas se prepara para superar o desempenho em 2010. O segmento de refrigerantes e bebidas não-alcoólicas projeta crescimento em torno de 7% na produção e o de cervejas estima que a expansão pode chegar a 10%. Os planos de investimentos já somam cerca R$ 6 bilhões para este ano, apostando no calor acima da média e na Copa do Mundo para aumentar as vendas.

No ano passado, o setor de bebidas cresceu 7,1% e começou bem 2010. Na produção industrial de janeiro, divulgada hoje (04) pelo IBGE, o setor se destacou mais uma vez, com incremento de 8,1% em relação a dezembro. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja (Sindicerv), se for confirmada a estimativa de que a produção ultrapassou 10,7 bilhões de litros em 2009, o País passará a Alemanha e assumirá o posto de quarto produtor mundial. Para Ênio Rodrigues, superintendente-executivo do Sindicerv, que congrega companhias como Ambev e Femsa, a manutenção da tendência de fortalecimento do mercado interno com o crescimento da renda e o calor recorde do verão favorecem a manutenção da taxa de crescimento da produção de cerveja acima de 6% dos últimos cinco anos. Ele acrescenta que a Copa do Mundo deve manter em junho o nível das vendas, que costumam cair no inverno.

"O consumo de bebidas é muito influenciado por renda e clima. Calculamos que cada 1% de expansão da renda gera um aumento de 0,6% no volume de cerveja vendidos. E cada 1ºC de elevação na temperatura gera um aumento de consumo de 0,28%", diz Rodrigues. "O ano já começou bem, com altas temperaturas e um aumento significativo no salário mínimo. Nossa expectativa é crescer de 7% a 10% em 2010." A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que tem associadas como Schincariol e Petrópolis, ainda não tem estimativas.

O rendimento médio do brasileiro nas principais regiões metropolitanas subiu 3,2% em 2009, e continua em expansão este ano. Atingiu R$ 1,37 mil em janeiro. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Paulo Mozart, a renda e os fatores sazonais também impulsionam fabricantes de refrigerantes, bebidas gaseificadas com sabor, sucos e energéticos. "Esperamos um crescimento na produção pelo menos entre 7% e 7,5% em 2010. Com o calor mais forte e a Copa do Mundo, a venda de refrigerantes pode subir até 20%", empolga-se Mozart. "Houve migração da classe D para a C, que definitivamente se incorporou ao mercado de consumo. São 31% dos consumidores, que influenciam principalmente o mercado de bens mais acessíveis", observou.

O segmento faturou R$ 22,8 bilhões no ano passado, 6,37% a mais do que em 2008. Só de refrigerantes, foram produzidos 14,34 bilhões de litros em 2009, um incremento de 1,35% em relação ao ano anterior. Segundo Mozart, essa indústria investiu intensamente entre 2007 e 2008, mas suspendeu projetos com o pessimismo do início de 2009. Com o crescimento da demanda, diz, as empresas tiram agora planos mais robustos de investimentos. É o caso da Coca-Cola, que aumentou em 4% as vendas em 2009 e já anunciou investimentos de R$ 2 bilhões, mesmo montante anunciado ontem pela Ambev.