Otimismo entre os consumidores brasileiros aumenta em janeiro

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O otimismo entre os consumidores de baixa renda levou a uma forte mudança de trajetória no Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que saiu de uma queda de 2,4% em dezembro para um avanço de 0,6% em janeiro. Na avaliação das famílias mais pobres pesquisadas para cálculo do indicador, o cenário é positivo no primeiro mês do ano, com melhora no mercado de trabalho no período, e o recente anúncio de aumento no salário-mínimo.

Mas as respostas dos consumidores em janeiro, usadas para cálculo do ICC, não revelaram apenas boas notícias. Segundo a FGV, a intenção de compra de bens duráveis, como eletrodomésticos, é a pior dos últimos oito meses. Isso porque as famílias mais abastadas promoveram uma intensa antecipação de compras no ano passado, devido a incentivos fiscais, e estão mais cautelosas com gastos futuros.

Segundo o coordenador de Análises Conjunturais da FGV, Aloisio Campelo, somente entre as famílias com ganhos mensais de até R$ 2.100,00 o ICC subiu 3,7% em janeiro, após cair 1,8% em dezembro. "Entre as quatro faixas de renda pesquisadas, a faixa de renda mais baixa foi a que apresentou o crescimento mais intenso do índice de confiança em janeiro", completou.

Outro fator que pode ter contribuído para o bom humor das famílias de baixa renda é a percepção de que não haverá explosões inflacionárias em 2010. Campelo comentou que as avaliações de entrevistados com menor poder aquisitivo são extremamente influenciáveis pelos rumos futuros da inflação, principalmente de alimentos. "As famílias com renda mais baixa estão até com expectativas mais favoráveis para compras de bens duráveis (como geladeiras e fogões)", disse. Após três meses em queda, a intenção de compra de duráveis entre os mais pobres voltou a subir.

Mas o mesmo não ocorre com os consumidores de maior poder aquisitivo, também pesquisados para o cálculo do ICC. Em janeiro, houve queda no desejo de compras de duráveis para os próximos meses em todas as famílias pesquisadas com ganhos mensais acima de R$ 2.100,00. Esses consumidores já estão endividados, visto que aproveitaram os preços baixos no ano passado, graças a estímulos como redução de IPI para automóveis e produtos da linha branca. "Para este consumidor, os próximos meses serão de ajuste no orçamento doméstico."