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Indústria está mais confiante na retomada
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou recuperação em julho e apresentou o primeiro resultado positivo em 2009. Segundo a pesquisa, o empresário está mais confiante em relação ao desempenho da economia e do próprio negócio, sobretudo em relação aos próximos seis meses. “O crescimento do Icei em julho corrobora a reversão das expectativas negativas e anuncia a recuperação da atividade industrial”, afirma a CNI. “Com a confiança maior os empresários deverão retomar investimentos e aumentar a produção.”
O Icei, que é medido trimestralmente, subiu de 49,4 pontos em abril para 58,2 pontos em julho, voltando ao mesmo patamar de julho de 2008 (58,1 pontos), período anterior ao auge da crise financeira no Brasil em setembro passado. O economista da CNI Renato da Fonseca ressalta, no entanto, que o índice ainda não voltou aos níveis anteriores à crise internacional. Durante todo o ano de 2007 e até a pesquisa de abril de 2008, o Icei estava acima de 60 pontos. Fonseca considera que o índice de julho do ano passado já refletia as expectativas de piora de cenário com a crise.
“A reversão do Icei começou em julho de 2008. Voltou a ter uma recuperação em abril deste ano e, agora, claramente há uma nova reversão”, avaliou. Pela metodologia da pesquisa, valores abaixo de 50 pontos indicam pessimismo e valores acima desse patamar mostram confiança.
Fonseca atribui o otimismo da indústria ao cenário de redução de juros, recuperação do crédito e renovação das medidas de redução de tributos para alguns setores da economia. “Os empresários acham que parou de piorar e que vai melhorar, mas não quer dizer que o nível de atividade industrial vai se recuperar a patamares de antes da crise”, avalia.
A pesquisa, realizada com 1.513 empresas, entre os dias 30 de junho e 17 deste mês, mostra que a confiança cresceu entre empresários dos três portes de empresas (pequenas, médias e grandes). Dos 27 setores industriais pesquisados, 25 registraram aumento da confiança. Na pesquisa anterior, um terço dos setores indicava otimismo.
Segundo a CNI, a maior confiança foi registrada entre os empresários do setor de outros equipamentos de transporte, equipamentos hospitalares e de precisão e de limpeza e perfumaria. Os que registraram os menores indicadores de confiança foram os de couro (único que registrou queda ante abril), madeira e papel e celulose.
O índice é formado pela avaliação das condições atuais (que refletem os últimos seis meses) e das expectativas da economia e do próprio negócio nos próximos seis meses. Em relação às condições atuais, o indicador ainda permanece negativo, porém menos pessimista que na pesquisa de abril. Saiu de 33,2 pontos para 47,2 pontos. “O valor indica que os empresários industriais continuam a perceber piora nas condições dos negócios. Note-se, contudo, que o índice cresceu 14 pontos na comparação com abril, refletindo o abrandamento dos efeitos da crise nos últimos seis meses”, avaliou a CNI. A piora nas condições atuais é comum entre empresas de pequeno e médio portes, mas entre os empresários das grandes empresas a percepção é de melhora.
Quando questionados sobre as expectativas para os próximos seis meses, os empresários se mostraram mais confiantes. Esse indicador ficou em 63,6 pontos em julho, enquanto que em abril ficou em 57,6 pontos. A expectativa do empresário em relação à economia brasileira foi a que mais melhorou: saiu de 52,3 pontos em abril para 60,6 pontos na edição de julho. Em relação à própria empresa, a expectativa para os próximos seis meses saiu de 60 pontos em abril para 65,1 pontos em julho.
Setor produtivo continua apreensivo, mas as expectativas crescem
Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o setor produtivo se mantém apreensivo em relação ao desempenho da economia brasileira para os próximos 12 meses, embora as expectativas venham melhorando de forma ininterrupta desde o mês de março. O Sensor Ipea de junho atingiu 9,82 pontos, ante 7,79 pontos em maio.
A pesquisa, que teve início em janeiro deste ano, é realizada mensalmente com 115 entidades representativas dos setores agropecuário, indústria, comércio e serviços e trabalhadores, que representam 80,2% do PIB brasileiro. Leituras entre - 20 e 20 pontos indicam apreensão; entre 20 e 60, confiança; de 60 a 100, otimismo, entre -20 e -60, cenário adverso; e entre -60 e -100, pessimismo.
Segundo o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o quadro de apreensão indica que ainda há dúvidas sobre o cenário futuro da economia brasileira, mas isso não significa que o setor produtivo projete uma situação adversa para os próximos 12 meses. Segundo ele, o indicador vem se recuperando de forma acelerada nos últimos meses.
Pochmann destacou que o setor industrial, o mais atingido pela crise, é o que tem apresentado mais rapidez na melhoria de suas expectativas.
“As expectativas estão certamente ancoradas no que vem ocorrendo no Brasil no segundo trimestre deste ano, em que há melhoras consideráveis sob o ponto de vista da ampliação do setor terciário. O comércio vem vendendo mais, os serviços também, e a indústria, de maneira geral, apresenta uma melhora, embora esteja claro que a indústria ainda sofre com a crise”, afirmou Pochmann.
“Embora haja realidades diferentes para setores e regiões brasileiras, há uma convergência na ideia de que o País deverá ter um resultado melhor, especialmente no segundo semestre do ano em relação ao que foi o fim do ano passado e o início deste ano”, acrescentou.
Dos quatro itens que compõem o setor, a melhor avaliação aparece em parâmetros econômicos, que atingiu 50,19 pontos. É o único dos componentes que já se encontra no patamar da confiança e diz respeito às expectativas dos entrevistados para inflação, juros e câmbio. O item desempenho das empresas ficou com - 5,49 pontos. Ele mede as expectativas dos consultados em relação à demanda, situação financeira e ampliação da capacidade do setor.
Apesar do resultado fraco, o indicador melhorou pelo quarto mês consecutivo. O item contas nacionais ficou com 10,22 pontos, demonstrando a melhora das expectativas em relação a PIB industrial, exportações e PIB agropecuário. O pior resultado foi verificado no item aspecto social, que indica as expectativas em relação à massa salarial, desigualdade social, pobreza e violência, com -15,63 pontos.
Pochmann ressaltou que o Sensor é importante para que o governo possa calibrar suas ações de combate à crise financeira internacional. “É com base nessas expectativas que o setor privado toma decisões.