O Paço Municipal (Praça Montevideo, 10), antiga sede da prefeitura de Porto Alegre, prédio histórico agora destinado para eventos e exposições de arte, recebe a primeira mostra deste ano. Synchretismo, trabalho de residência artística do artista francês Louis Guillaume, realizado durante sua estadia e imersão na natureza da cidade, fica em exposição na Sala Aldo Locatelli até 8 de março. A visitação ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada franca.
O Paço Municipal (Praça Montevideo, 10), antiga sede da prefeitura de Porto Alegre, prédio histórico agora destinado para eventos e exposições de arte, recebe a primeira mostra deste ano. Synchretismo, trabalho de residência artística do artista francês Louis Guillaume, realizado durante sua estadia e imersão na natureza da cidade, fica em exposição na Sala Aldo Locatelli até 8 de março. A visitação ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada franca.
Louis Guillaume vive e trabalha em La Rochelle, no sudoeste da França, e é formado em Belas Artes pela École Européene Supérieure d'Art de Bretagne. A sua prática artística é ligada à natureza, produzindo instalações com materiais recolhidos dos locais por onde passa. Ele conta, em entrevista ao Jornal do Comércio, sobre as paixões e origens da sua arte. "Começou por meio dos meus pais, porque eles me levavam para viajar pelo mundo, desde criança, e assim a gente descobria muitas coisas e culturas. Foi uma experiência forte que faz parte de mim". Ele acredita que crescer desta forma faz com que ele tenha muita vontade de viajar, conhecer novas pessoas e costumes. Ainda ressalta que seu pai sempre foi muito observador e via as belezas escondidas nas coisas.
Esse espírito curioso e viajante levou o artista para Manilla, nas Filipinas em 2022, após ganhar o Prêmio Mondes Nouveaux, do Ministério da Cultura francês. Ele fez uma residência de dois meses no local. No ano seguinte, veio ao Brasil. No início de novembro de 2023, chegou em Porto Alegre para ser o primeiro artista residente da Casa Iberê, ateliê de Iberê Camargo, onde viveu com sua esposa, na Zona Sul da Capital. O local passou por uma reforma com o intuito de se tornar um espaço de residência artística para brasileiros e estrangeiros. Louis foi indicado pelo Centre Intermondes de La Rochelle para participar de uma residência do 6º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea.
O artista afirma que conheceu o trabalho de alguns artistas brasileiros durante a sua graduação em Belas Artes. "Percebo que, na cultura brasileira de artes, há muitos trabalhos que abordam as origens, identidade, questões sociais e políticas. E eu também gostaria de conhecer mais a arte da região da Amazônia, mas para isso teria que voltar e fazer outra residência lá", conta Louis. Ele comenta também que já estava se preparando para vir ao Rio de Janeiro, para outro projeto, então já havia começado a aprender português. Mas a oportunidade de vir para o Sul surgiu, ele foi indicado e cerca de dois meses depois já começaria sua residência aqui. "Essa surpresa e inesperada mudança de planos acabou sendo uma ótima maneira de ter a minha primeira experiência no Brasil", completa.
"Meu propósito era estar com as pessoas que poderiam me mostrar coisas e ajudar a descobrir a cidade e a cultura. Para mim, (Porto Alegre) é uma linda cidade, conheci gente linda e adoraria voltar", explica Louis. Ele ressalta a proximidade com o artista Eduardo Haesbaert, que é coordenador do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo e nos anos 1990 foi assistente do próprio artista. O francês também comenta que, no início da experiência, estava um pouco receoso de usar a técnica gravura. "Trabalhei muito na parte externa do ateliê, peguei um rolo de papel de cinco metros e coloquei no chão. Desenhei e deixei a folha do lado de fora, pegando chuva, vento, sol e sofrendo com as alterações do ambiente", descreve Louis.
A experiência foi diferente para o artista, que na França estava acostumado a montar instalações. Ele conta que foi empolgante descobrir como o ambiente mudaria a arte, sem o controle dele. "Todas as minhas artes da exposição Synchretismo foram feitas nessas semanas, o que eu acho engraçado porque, quando se olha para elas, parecem ter muitos e muitos anos."
"Viver na casa e no jardim de Iberê Camargo, no bairro Nonoai, foi muito legal. Descobri o Brasil através de Porto Alegre", ressalta. Ele comenta que a experiência foi diferente do que imaginado: ele tinha a visão de um Brasil tropical, com muito sol e calor, e se deparou com uma primavera chuvosa na Capital. E, apesar de usar recursos da natureza, ele comenta que foi mais inspirado pelas pessoas e pela percepção do local.