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Dia do baterista é celebrado por músicos gaúchos
Instrumento essencial em uma banda, independentemente do estilo, a bateria imprime o ritmo e a cadência das músicas
O Dia do Baterista foi comemorado nesta quarta-feira, 20 de setembro. Instrumento essencial em uma banda, independentemente do estilo, a bateria imprime o ritmo e a cadência das músicas e requer coordenação motora. Junto com o baixo, forma a chamada cozinha de um grupo musical.
O baterista da Acústicos & Valvulados, Paulo James, diz que é da escola do “menos é mais”. “A função é buscar o andamento certeiro e temperar com algum groove, fazendo a cama para que as guitarras e o vocal tenham liberdade para viajar. Na banda, cada um tem que ocupar o seu espaço, olhando para música em si, para o arranjo como um todo. É um esquema coletivo, e não uma vitrine individual”, destaca.
James aprendeu a tocar bateria por conta aos 17 anos, “de ouvido, como costumam dizer”. No Acústicos & Valvulados desde o primeiro dia da banda, em 25 de dezembro de 1990, é também compositor, sendo autor da maior parte das músicas do grupo, que tem sucessos como "Fim de tarde com você" e "O Dia D é hoje".
Quando se fala em baterista mulher, a precursora no comando das baquetas no Rio Grande do Sul é a musicista Biba Meira, que foi atraída pela potência do instrumento. “Adoro som de tambores e percussivo, seja de sucata, agogô ou chocalhos”, conta. Biba começou a tocar nos anos 1980 nas bandas Urubu Rei e De Falla e era a única mulher na função, mas sempre se deu bem com os demais integrantes.
“Me sentia sozinha muitas vezes, mas sempre meti muito a cara no que queria fazer. Nunca desisti, apesar de sempre falarem ‘tu tocas como um homem, tu tocas melhor que muito homem’, fazendo comparação”, relembra, dizendo que o ambiente do rock sempre foi e segue machista.
Biba é professora de música e bateria há pelo menos 30 anos. Em 2015, fundou em Porto Alegre As Batucas – Orquestra Feminina de Bateria e Percussão, coletivo e primeiro grupo de percussão e bateria formado exclusivamente por mulheres. Segundo ela, a procura pelas aulas de bateria há alguns anos era predominantemente masculina, o que vem mudando.
"Aos poucos, as gurias e mulheres começaram a querer ter aula de bateria, hoje tem mais mulheres do que homens”, destaca. Além de Biba, no coletivo são dadas aulas de pandeiro e percussão, ministradas por sua filha Júlia, regente das Batucadas, e aulas de vocal, com Raquel Pianta.
Outro local onde é possível aprender o instrumento na capital gaúcha é na School of Rock. Segundo Thiago Vitola, proprietário da escola, a bateria é uma das modalidades mais procuradas, tendo como professores os músicos Luke Faro, Lázaro Rondineli e Mano Gomes. Atualmente, são em torno de 50 alunos, com idades a partir dos 5 anos. “Temos alguns alunos que reviveram o sonho de tocar um instrumento depois dos 60 anos. Nossa aluna com mais idade tem 70 e poucos”, comenta.
A School of Rock tem como diferencial oferecer, além das aulas individuais com os professores, programas que envolvem a prática em uma banda. Essa possibilidade atraiu o escritor e servidor público Adriano Alves, que se interessou pela bateria por volta de 11 anos mas começou a estudar aos 22 anos apenas. Na época, Alves fazia faculdade e não conseguia estudar bateria, apenas assistir às aulas, e acabou interrompendo os estudos do instrumento.
Em 2015, após um show do Roupa Nova e ver o baterista Serginho tocando, sua maior influência, a paixão voltou. As aulas foram retomadas nos modelos à distância, o que também foi desmotivando, até ingressar na School of Rock e retomar o ritmo da prática. Alves defende a classe dos bateristas, tido por muitos como o mais barulhento em uma banda. “Tinha muitas lendas sobre o som da bateria, mas o que vai mais longe é o da guitarra. O preconceito é contra o baterista enquanto tem instrumento que faz mais barulho”, brinca.