Os músicos ensaiam para o show no mais antigo estúdio de música de Porto Alegre, o Tec Áudio, que foi palco das gravações de todos os discos do grupo, além de se confundir com a história da própria música gaúcha, já tendo acumulado quase meio século de história e recebido os maiores nomes da cena regional. "No primeiro dia, viemos só nós três. A gente ficava olhando para os lados, e o Luke disse 'Parece que ele vai abrir a porta e entrar'. O Rodrigo respondeu, 'Não, ele já tá aí dentro'", emociona-se Corsetti. Navegar nos versos de Bebeto é quase como as grandes navegações, uma jornada cheia de descobertas, desvendando mistérios de um artista ímpar. "As pessoas vêm aqui, a gente está tocando e todo mundo diz 'cara, como é que ele escrevia isso? Olha o que esse cara fazia!' É um reconhecimento", comenta.
O percurso é revelador até para quem acompanhou seus passos por décadas. "É diferente o olhar agora, né?", diz Reinheimer. "Tem músicas que a gente achava complicado de tocar, a estrutura que ele fazia às vezes não era uma quadratura perfeita. É porque ele tinha muito o que dizer, então às vezes isso tudo não cabia numa quadrinha de poesia. Ele era verborrágico. Vinha tudo."
Os versos, melodias e arranjos serão, pela última vez - ou uma vez mais, talvez seja mais justo dizer. Afinal, Bebeto Alves será sempre referência, vai estar sempre entranhado no som que sair de qualquer instrumento no Rio Grande do Sul, tamanha a sua grandeza e influência. Na música e na arte, sua e dos outros, ele vive pra sempre.