Músicos da Ospa querem reajuste em verba para manter instrumentos

Verba indenizatória destinada aos profissionais da orquestra estaria há 11 anos sem correção

Por Nícolas Pasinato

Esta será a primeira vez, em 72 anos de história, que a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre fará uma apresentação na Argentina comsua formação completa
A Associação dos Funcionários da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Affospa) realizou uma manifestação pública no concerto de abertura da Temporada 2023 da Ospa referente à uma verba indenizatória recebida pelos músicos para a manutenção de instrumentos e vestuário. De acordo com a associação, essa quantia estaria há 11 anos sem correção por parte do governo estadual. Os músicos recebem mensalmente, hoje, cerca de R$ 1,2 mil dessa verba indenizatória. A reivindicação da associação é de que haja um reajuste de 100% dessa soma, o que faria com que passasse para aproximadamente R$ 2,4 mil.
Conforme o presidente da Affospa, Rafael Figueredo, já existe um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Estado que prevê a correção exigida pelos músicos. Porém, o PL que trata do assunto encontra-se parado na Casa Civil. "Queremos que o governo desarquive esse projeto para que ele possa ser votado. Estamos há pelo menos um ano e meio em tratativas com o Piratini, mas ainda não obtivemos uma resposta concreta de seus representantes", diz Figueredo.
Para mostrar a defasagem da verba recebida atualmente, a Affospa explica que os instrumentos utilizados pela orquestra, além de terem sido comprados pelos próprios músicos, foram feitos em boa parte fora do País, o que faz com que a sua manutenção seja cotada em dólar ou euro. Na última vez em que foi feito o reajuste da verba indenizatória, em 2012, o dólar era cotado a cerca de R$ 2. Hoje, a moeda americana passa de R$ 5.
"Sou contrabaixista e um jogo de corda de contrabaixo está beirando os R$ 3 mil. Todos os materiais são importados e para fazer a manutenção acaba saindo muito caro”, exemplifica Figueredo. E completa: “Hoje, estamos tendo que tirar do próprio bolso para manter os instrumentos em dia, mas chegamos a um momento que não conseguimos mais arcar com isso”, protesta.
A Affospa afirma que a atual gestão tem demonstrado ser a favor da cultura, o que é observado com avanços na própria orquestra. Porém, a associação sentiu a necessidade de expor a situação para que a sociedade gaúcha possa compreender e apoiar a sua manifestação.
“A nossa reivindicação já passou por todas as instâncias que dão o aval para que ela avance. Houve uma avaliação financeira que verificou que não há um impacto relevante para os cofres do Estado e uma análise jurídica que valida a ação”, acrescenta o secretário da Affospa Tácio Vieira. Para a associação, o entrave pode estar na preocupação do governo de um possível desgaste político com outras categorias do funcionalismo público que também pleiteam diferentes tipos de correções.
Projeto será encaminhado em momento oportuno, diz secretaria
Em nota, a Secretaria de Estado da Cultura informou que o governador Eduardo Leite (PSDB) está ciente da importância do projeto. “Vamos montar estratégia política para dar encaminhamento em momento oportuno”, diz o comunicado.