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Pata de Elefante completa 20 anos e faz show de novo álbum
Apresentação será nesta quinta-feira, no Bar Ocidente
Celebrada por ter jogado luz sobre a cena de rock instrumental do Rio Grande do Sul, a banda Pata de Elefante comemora 20 anos de existência e faz show de lançamento de seu novo disco nesta quinta-feira, às 21h, no Bar Ocidente (avenida Osvaldo Aranha, 960). Ingressos, entre R$ 25,00 e R$ 50,00, podem ser adquiridos pelo Sympla. Intitulado Novas Aventuras, o quinto álbum do grupo chega pela gravadora Worldhaus Music e estará disponível em todas as plataformas de streaming digital a partir desta segunda-feira.
No show de quinta-feira, o power trio formado por Gabriel Guedes (guitarra e baixo), Daniel Mossmann (baixo e guitarra) e Reynaldo Migliavacca Neto (bateria) também dá início a uma nova fase, após o longo período de isolamento por conta da pandemia de Covid-19. "Já estávamos fazendo alguns shows no decorrer de 2022, apesar de ter sido um ano bem parado para a gente, a ponto de algumas pessoas acharem que a banda tinha acabado. Agora, a ideia é voltar para o circuito de festivais e outros eventos que rolarem pelo País", comenta Guedes.
Outra marca da nova fase é a presença de Migliavacca Neto, figura conhecida do rock gaúcho que passou uma temporada na Inglaterra, onde tocou na banda de Charly Coombes. Desde que retornou a Porto Alegre, ele assumiu definitivamente as baquetas da banda. O novo integrante do grupo substitui o compositor Gustavo Telles, que esteve com a Pata de Elefante desde sua fundação, em 2002, até o final de 2017. "No início, a banda não tinha nome e a gente se apresentava de improviso, sem repertório, nas festas das 'Catacumbas' do CEUE" - promovidas, na época, pelo Centro de Estudantes Universitários de Engenharia da Ufrgs. "Depois de um ano e meio, nos demos conta que era hora de colocar um nome na banda e fazer músicas próprias", recorda o guitarrista. Desde sempre, o grupo toca rock instrumental.
Esse foi um dos grandes diferenciais da Pata de Elefante, uma das primeiras bandas a romper o nicho da música instrumental e levá-lo para o mainstream local. Após gravar o primeiro álbum (Pata de Elefante, 2004) pelo selo Monstro Discos, de Goiânia, o grupo começou a participar dos principais festivais de música do país e seu segundo disco, Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha saiu em formato de CD no ano de 2007. Em 2010, o terceiro álbum, Na Cidade, foi gravado pelo selo Trama, que fomentou a cena musical independente e o lançamento de talentos que conferiram nova cara à MPB pós tropicália, tais como Otto, Max de Castro, O Teatro Mágico e Cansei de Ser Sexy, entre outros.
No cenário nacional, a ascensão da Pata de Elefante aconteceu simultaneamente à de outras bandas do gênero, como a Macaco Bong (Cuiabá) e a Retrofoguetes (Salvador). Em março de 2013, Gustavo Telles oficializou o término da banda pelas redes sociais, mas o grupo ainda gravou o disco independente Julio Rizzo e Pata de Elefante em 2014 e, após cerca de dois anos de recesso, a banda retomou suas atividades. Telles acabou saindo do grupo e foi então que, a partir de 2018, Migliavacca Neto e Pedro Petracco assumiram a bateria, de forma alternada, até o meio do primeiro semestre de 2022. "O Petracco é um cara polivalente, que toca muito", elogia Guedes. "E o Reinaldo (Migliavacca) é um 'mosntro' no instrumento, é especialista em bateria", emenda.
Segundo Guedes, a chegada de Migliavacca muda a "pegada" sonora da banda. "É bem diferente, dá para perceber neste novo disco." O guitarrista destaca que Novas Aventuras é um álbum que começou a ser gravado ainda em 2018, e estava para ser mixado quando veio a pandemia. O novo disco, de cerca de 45 minutos, é feito de dez temas que desenham cenas e histórias na cabeça de quem ouve. "É extremamente visual, bem de trilha sonora de filme", afirma Guedes. "Dá para dizer que é diferente dos outros, não de forma radical, mas a sonoridade está mais definida, os timbres dos instrumentos estão mais fortes (antes eram mais comportados, no estilo rock clássico) e a gente traz um estranhamento com uns sons de guitarra 'sujos', que incomodam - no bom sentido, eu espero (risos)".
A faixa que inicia o álbum, As novas aventuras, é um surf music carregado de fuzz (efeito de guitarra que se ouve bastante no álbum) e com bateria pulsante. Já de cara apresenta as credenciais da banda, com temas melódicos e marcantes, cheios de energia e que embalam uma festa. Plano tem uma levada de bateria meio John Bonham e e um tema western com um órgão Hammond ao fundo. A viagem segue com Oh My, num clima lisérgico dos anos 1960, que remete a Kinks, mas lembra os modernos Allah-Las.
Crime é quase um bolero dramático, e poderia ser trilha de qualquer filme de Quentin Tarantino; Na Orla é um tema com melodia e esperança impressas na guitarra; Festa do Rochinha é inspirado na soul music americana clássica; Goofy Footer é um surf music/calypso direto dos anos 1960 e Luz Vermelha é uma balada mexicana, com cordas e uma guitarra western carregada de drama e emoção, que lembra um mistura de John Charles Fiddy com Ennio Morricone.
O disco segue para seu encerramento na onda calypso/cumbia/surf music com Quarto Distrito e seu tema "cantado" em um dueto guitarra/órgão. O final de Novas Aventuras reserva uma explosão vulcânica em Krakatoa. Sobre as temáticas das músicas, Guedes destaca que o grupo compõe "movido pelo som". "É um processo animal, totalmente instintivo. A proposta não é dizer coisas, apesar dos títulos (que são somente pistas), deixamos em aberto para que as pessoas escutem e criem suas próprias histórias." No repertório do show que também comemora o aniversário da banda, dentre as cerca de 20 músicas ainda estão sucessos antigos como Marta, Soltaram! e Um olho no fósforo, outro na fagulha, além de algumas surpresas.
Às vésperas da comemoração, o guitarrista celebra o reencontro com o público no Ocidente. "Tocar ali é sempre bom demais: é nossa casa na cidade, e onde comemoramos nosso aniversário quase todos os anos, com raríssimas exceções". Guedes pondera que, apesar da longa data da relação com o Ocidente, esta é a primeira vez que um show acontece no mesmo dia de lançamento oficial de um disco do grupo. "Dá um friozinho na barriga um pouco diferente", declara.