Flor ET comemora lançamento de seu primeiro álbum em show no Agulha

Espetáculo ocorre no dia 7 de setembro e promete noite recheada de mensagens políticas e visuais vibrantes

Por Leonardo Machado

Flor ET promove lançamento de primeiro álbum em show no Agulha
Para celebrar o lançamento do seu primeiro disco, a banda gaúcha Flor ET promete um grande show no Agulha (R. Conselheiro Camargo, 300), na quarta-feira, às 18h30min. Intitulado Futurotrópica, o trabalho de estreia do grupo reúne 11 faixas que transitam entre canções sobre saudade, surtos e falta de esperança, até reflexões políticas sobre desigualdade, meritocracia e o atual momento do Brasil. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente, a partir de R$ 15,00, no site Sympla.
Na estrada há 6 anos, a Flor ET planejava, originalmente, lançar o álbum em 2020. Contudo, em razão da pandemia, a banda optou por pisar no freio e aguardar o panorama social se estabilizar. Apesar das dificuldades, o surto de Covid-19 também inspirou novas canções, como a faixa Insana, escrita no auge do isolamento social. "Eu estava no terraço do prédio quando comecei a escutar aquele silêncio absoluto da cidade. Peguei o telefone, já comecei a criar uma melodia vocal e a letra foi surgindo. Foi bem melancólico", conta Ada Bellatrix, vocalista, saxofonista e uma das fundadoras do grupo.
Um dos aspectos presentes no disco, e que a banda carrega como identidade, é a música como agente de mudança. Até por isso, quando estavam planejando o lançamento do disco, tiveram o 7 de setembro como uma data relevante para o show de abertura da Futurotrópica Tour. "A gente pensou que era o momento perfeito pra trazer a arte como militância contra esse desgoverno que está aí", revela Ada.
De acordo com a cantora, cerca de 25 músicas foram consideradas pela banda, selecionando as que acreditavam fazer mais sentido dentro da atual proposta. Desta forma, os cinco integrantes têm a chance de contribuir com suas referências e inspirações musicais, que passam por Metá Metá, Novos Baianos, El Efecto, Bjork, e a banda norte-americana Tool.
Um dos aspectos que marca a constante transformação do grupo é a identidade visual. O preto elegante e simples, muito presente nos primeiros projetos, dá lugar para cores mais vibrantes, que transmitem o atual som da Flor ET. "A gente conseguiu unir as cores saturadas e vivas, essa mistura entre um lado mais sombrio, mais brabo do disco, com um lado mais quente, mais vivo", descreve a vocalista.
A Flor ET tenta explorar diferentes artifícios nas suas apresentações, apostando na estética visual marcante. Em shows anteriores, faziam uso da pintura para provocar uma experiência imersiva no público. Para o show de lançamento, a ideia é montar cenários que levem a apresentação além de um simples entretenimento. Nas palavras da vocalista, "queremos montar um espetáculo, então estamos nos planejando para entregar o nosso melhor".
Com a extinção do Ministério da Cultura no governo de Jair Bolsonaro, o desamparo no meio cultural foi muito grande, e pensar num futuro tendo arte como meio de viver se tornou cada vez mais difícil. Numa visão mais regional, Ada expõe que artistas precisam sair do Sul e serem reconhecidos fora, em outro estado, para começarem a ser valorizados. Apesar da pouca abertura de casas e bares locais para trabalhos 100% autorais, a vocalista vê nos festivais independentes um espaço de resistência, onde as pessoas vão para consumir o trabalho de novas bandas. “É uma luta, é uma guerrilha, mas eu acredito que, com uma cena unida, os artistas se unindo, produtores culturais, os agentes estando sempre em conexão, a gente se vira como pode e faz acontecer.”