Mostra que aborda questão decolonial será exposta na Pinacoteca da AJURIS

Sob o título de 'ColonialMente', serão expostas 14 colagens, algumas delas com intervenções em desenho sobre papel, feitas entre 2019 e 2022

Por JC

ColonialMente, de Dedé Ribeiro, está na Pinacoteca da Ajuris
A mostra ColonialMente, com 14 colagens de autoria da jornalista, produtora e artista visual Dedé Ribeiro, ficará exposta na Pinacoteca da Ajuris (rua Manoelito de Ornellas, 50 – bairro Praia de Belas) de 2 a 30 de setembro das 14h às 19h, sendo que no dia da abertura (terça-feira, às 18h30min), o ator e diretor Daniel Colin conduzirá uma roda de conversa para refletir sobre o colonialismo, na qual ainda se (sobre)vive em pleno século XXI no Brasil. Para além disso, o debate pretende apontar frestas que possam auxiliar a visualizar outras perspectivas que "desacomodem o pensamento hegemônico colonial". A visitação é gratuita.
Dedé Ribeiro já soma outras duas exposições individuais: Diagnóstico por colagem, de 2018, e A escolha do acaso, de 2020, além de participações em mostras coletivas. Para preparar a incursão atual, cujo pano de fundo trata da questão decolonial, a artista contou com a curadoria e montagem de Francisco Dittrich. Dentre as colagens da mostra, algumas têm intervenções em desenho sobre papel, e todas foram feitas entre 2019 e 2022.
"Comecei a estudar esses temas a partir da pandemia de Covid-19, com o objetivo de produzir projetos culturais melhores e mais inclusivos, porém o assunto era tão forte e urgente, que saltou para as colagens", afirma Dedé. E foi assim que antigos mapas e fotos da América colonial encontraram personagens de todas as épocas, às vezes em comentários sociais e às vezes como forma de demonstrar seu próprio processo de desconstrução de crenças e preconceitos.
"Algumas obras trazem também reflexões ligadas à África, que visitei duas vezes antes da pandemia. Raramente se fala da África quando se trata de decolonialismo, pois o movimento todo procura focar na arte latino-americana, mas na minha cabeça é uma segunda camada", destaca a artista. Ela observa que tanto a África passa pelo mesmo problema de apagamento de sua cultura, como seu povo é parte significativa do povo brasileiro. "Essa exposição é minha forma de dizer que não compactuo com o racismo, o machismo, o eurocentrismo ou os valores fortemente estadunidenses, embora me custe muitíssimo reconhecer que tudo isso ainda existe de alguma forma em mim", completa Dedé.