Há limite para o dress code nas empresas?

Por JC

Fortalecimento do trabalho remoto e híbrido ajudou a criar um estilo mais despojado no mundo corporativo
O caso recente da cartilha do Banco Inter, que viralizou por listar uma série de regras consideradas invasivas sobre dress code, levantou a discussão sobre os limites da imposição de vestuário e comportamentos pelas empresas. As medidas sugeridas pelo banco aos funcionários no documento intitulado “Os inimigos da imagem” incluíam evitar lingerie marcando ou aparecendo, roupas com pelos de animais de estimação, acessórios sujos ou rasgados, unhas e sobrancelhas mal-cuidadas, maquiagem borrada ou excessiva, mau hálito e excesso de perfume.
O documento chegou às redes sociais recheado de críticas de internautas. Causou surpresa por partir de um banco digital, teoricamente do lado mais informal e oposto ao dos sisudos bancos tradicionais. Além disso, a divulgação da cartilha ocorreu enquanto há um maior respeito à diversidade nas companhias e um contexto de questionamentos sobre o dress code corporativo, reforçados no modelo de home office. Há empresas que estão permitindo, inclusive, uso de bermuda em suas instalações. O CIEE-RS é uma delas.
O traje mais despojado foi liberado em 2021 na companhia, que tem um dress code baseado na cultura e no ambiente de cada área.

“Com o aumento de home office, as pessoas acabaram relaxando com relação à imagem, buscando mais conforto. Como é o caso da companhia GOL, que liberou o uso de tênis para os seus colaboradores”, aponta a consultora de imagem Gabi Henemann.

Sabe-se que o fortalecimento do trabalho remoto e híbrido ajudou a criar um estilo mais despojado no mundo corporativo, mas a volta gradual aos escritórios estaria de alguma forma fazendo com que essas regras mais duras sejam retomadas, como sugere o caso do Banco Inter?
Conforme a consultora de imagem Gabi Henemann, a moda e o estilo acompanham as mudanças do mundo, e isso impacta diretamente o dress code profissional. Estruturalmente, o dress code profissional está mudando, mas, particularmente, ele também reflete os valores e objetivos pessoais e/ou da empresa.
“Acredito que seja importante as organizações reverem esses códigos de vestir para que fique tudo esclarecido”, acrescenta a consultora, referindo-se à confusão causada pela cartilha do banco. Alguns itens são básicos e de asseio e higiene pessoal, como pentear os cabelos, cuidar odores e roupas sujas. Outros, não, e caso a empresa imponha para os colaboradores, ela terá que arcar com as despesas, como unhas e sobrancelhas sempre feitas, roupas novas e cabelo e barba com corte em dia, ressalta Gabi.
Para os preocupados com a possibilidade de ter que trocar a bermuda pela calça comprida em algum momento no trabalho, Gabi tranquiliza que a tendência é haver ainda mais flexibilização com relação ao dress code. Contudo, aconselha: zele pela sua imagem e vista-se para onde você deseja chegar.
CIEE-RS