ChatGPT: riscos e benefícios às empresas

Por JC

Ferramentas que melhoram a produtividade, como o chatbot de IA, são positivas, mas é preciso ter cuidado com o uso excessivo
O ChatGPT se tornou recentemente o principal assunto em conversas sobre tecnologia. Trata-se de um modelo grande de linguagem (LLM, na sigla em inglês) ou bot, movido a inteligência artificial (IA), que está incendiando os debates sobre o futuro do trabalho e da educação, e já angariou 100 milhões de usuários nos primeiros dois meses após seu lançamento pela empresa OpenAI.
O sistema se baseia em uma infinidade de fontes de informações na internet para, por meio de algoritmos, gerar novos conteúdos. O chatbot responde a perguntas, conversa, faz resumos e gera textos sobre qualquer tema. Sua capacidade é tal que foi “aprovado” em partes do exame da OAB e do teste nacional para acesso ao curso de Medicina nos EUA e em MBA.
A tecnologia já demonstra utilidade em diversas áreas. Uma das mais beneficiadas é a de recursos humanos. O chatbot pode criar descrições de vagas, desenvolver desafios técnicos para candidatos, sugerir perguntas em entrevista de emprego, elaborar estratégias de desenvolvimento de carreiras, produzir e-mails para divulgações internas, esclarecer dúvidas sobre legislação trabalhista, ajudar a melhorar indicadores de RH e redigir feedbacks.
Ferramentas que melhoram a produtividade, como o chatbot de IA, são positivas, mas é preciso ter cuidado com o uso excessivo.
No entanto, as empresas devem ficar atentas ao uso de IA, especialmente pelos colaboradores em início de carreira, como os estagiários. De acordo com o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do RS (UFRGS) Luis Lamb, que atualmente estuda Inovação no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o ChatGPT é muito útil para especialistas. Mas precisa ser visto com ressalvas em relação a leigos e iniciantes. “A empresa tem que usar com parcimônia e com supervisão para poder indicar aos seus funcionários se determinado trabalho faz sentido ou não”, explica.
O cuidado é necessário porque o chatbot usa uma quantidade gigantesca de textos como fonte para prever o que escreverá em seguida. Esse conteúdo vem de muitos lugares na web, origens essas que, segundo Lamb, não foram bem divulgadas. Como resultado, algumas produções do ChatGPT têm sido chamadas pelos especialistas de “alucinações”, pois são invenções do robô. Por isso, é preciso fazer uma checagem das informações. Lamb sugere que as empresas formem gestores que entendam de IA para dar conta desse serviço. “Se no passado se estudava contabilidade, finanças, as escolas de negócios vão ter de oferecer estudos de inteligência artificial”, ressalta.
Como se trata de uma tecnologia em evolução, muitas melhorias ainda deverão ocorrer. Uma das explicações para as falhas nas respostas do chatbot é a sua falta de “visão de mundo”, aponta Lamb. Em algum momento, ele entende, esse problema deverá ser corrigido. Enquanto isso, o olhar humano ainda faz toda a diferença.
CIEE-RS