Fagundes trocou TI por pizza

Eduardo Fagundes - Apesar de toda a conversa sobre ausência de profissionais, o mercado paga mal e não valoriza o vendedor. Desde que eu saí da última empresa na qual atuei na área, no ano passado, recebi uma série de propostas furadas e decidi que era hora de dar uma virada na minha trajetória profissional. Abri a Porto Pizzas, uma telentrega de pizzas que atende à zona Sul de Porto Alegre.

Fagundes - No fundo, o pessoal acha que qualquer um pode fazer e acabam contratando qualquer um. Nesse tempo, eu cheguei a receber propostas sem salário fixo e com uma comissão a ser definida depois. Mesmo quando se fala de um modelo em que o vendedor tem que ter uma remuneração fixa baixa, digamos R$ 1 mil, e um bom comissionamento, nem sempre dá certo. Basta o vendedor chegar na faixa de uns R$ 10 mil, mês entre fixo e comissão que já vai ter alguém achando que o vendedor está ganhando demais. Não importa quanto faturamento bruto isso signifique, muitas empresas não vão querer pagar.

Fagundes - Entregando 90 pizzas por dia dá para faturar limpo bem mais, o dobro ou o triplo do que eu ganhava com vendas na TI. Hoje nós estamos na faixa das 30, mas eu estou empolgado com as possibilidades. Fazendo uma boa administração, comprando bem e atendendo ao cliente com atenção, é fácil crescer nesse ramo. Eu já estabeleci maneiras de motivar a minha equipe e estou sempre de olho na satisfação do cliente.

Big data não é conversa de ficção científica. Uma prova é o fato de a Monsanto ter gasto US$ 1,1 bilhão para comprar a Climate Corporation, uma empresa que emprega algoritmos de inteligência artificial para reunir informações sobre o clima e aplicá-las ao uso na agricultura. Com esse tipo de informações, a empresa poderá agregar mais valor a seus produtos agrícolas, como sementes, soluções de produtividade para lavouras e biotecnologia. A prova da importância do negócio é que a Monsanto não contratou serviços: ela comprou a empresa toda de uma vez.

Gustavo Büchle, ex-gerente de TI da Transportadora Plimor, e Luciano Bof, analista de negócios da Randon S.A., acabam de unir forças para lançar a BTI TI Estratégica, uma consultoria com foco gestão de TI e projetos para processos de negócios, principalmente industriais. Os executivos são experientes na área. Antes de trabalhar na Plimor, Büchle passou pela Randon, como analista de negócios e também foi coordenador de TI da Meincol Aço, onde já trabalhou com Bof. Büchle já está dedicado 100% ao novo negócio, e Bof fará o mesmo a partir de dezembro. A dupla já tem o seu primeiro grande cliente.

Projeto de lei atualmente no Senado concede isenção de impostos para empresas de tecnologia durante seus dois primeiros anos. É um bom incentivo: vale para todo mundo.

Programa federal de fomento a empresas inovadoras vai escolher mais 50 empresas, chegando a 106. É um mau incentivo: coloca dinheiro público em uns poucos escolhidos.