Extensões negadas de nós mesmos

Diretor Luciano Alabarse vem produzindo, quantitativa e qualitativamente, de maneira profusa nos últimos anos

Por Antonio Hohlfeldt

O diretor Luciano Alabarse vem produzindo, quantitativa e qualitativamente, de maneira profusa nos últimos anos. Em 2023, foram pelo menos dois espetáculos por ele dirigidos, e mal iniciamos o novo ano e ele nos surge com outro trabalho de criação, para além da direção, propriamente dita, porque, neste caso, ele se traveste inclusive de dramaturgista, na medida em que parte de dois diferentes textos dramáticos absolutamente contemporâneos e, mesclando-os, cria seu próprio texto, em que contribui duplamente, com o texto propriamente dito e com uma leitura de diretor, uma tarefa enriquecendo e ampliando a outra. O resultado é um espetáculo de quase duas horas de duração, que tem todas as qualidades e todos os defeitos daquilo que é a principal característica do artista: ele não tem medo de experimentar e de ousar, corre riscos de vertigem e, na medida em que busca romper os limites, acerta em pontos cruciais e por vezes perde-se em alguns excessos. De qualquer modo, assistir a Sangue e pudins é uma provocação, no melhor sentido: provocação que Alabarse faz a si mesmo e ao público, de modo a não deixar ninguém se sentir confortável com a etapa atingida, puxar o tapete e obrigar o espectador (como ele próprio, diretor) a repensar a realidade e seu entorno e enfrentar - se possível alargando - a experiência empírica do que seja o teatro para o século XXI.

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