Luto no teatro brasileiro com a morte de Jairo de Andrade

Por Antonio Hohlfeldt

Jairo de Andrade
O pequeno estrabismo de que era portador Jairo de Andrade nunca o impediu de ver e compreender corretamente a realidade que o rodeava. Oriundo de Uruguaiana, estudou teatro no então Centro de Arte Dramática na Ufrgs. Com alguns colegas, dentre os quais Alba Rosa, mais tarde sua primeira esposa, e José Roberto Falleiro, criou o Grupo de Teatro Independente - GTI, que tinha um programa bem objetivo de trabalho. Deles assisti a uma versão de Esperando Godot, de Beckett, num acanhado e subterrâneo espaço na rua José Montaury, cuja entrada ficava bem em frente à porta de acesso ao mesmo CAD, e que já sediara atividades do Teatro de Equipe, então desfeito. Mas Jairo não estava satisfeito e conseguiu uma espécie de espaço ao rés-do-chão em um prédio da escadaria da Borges de Medeiros. O espaço nada tinha a ver com um teatro, mas ali Jairo e seus companheiros instalaram o GTI e começaram a construir - literalmente, com as próprias mãos - o ainda hoje resistente Teatro de Arena. Os atores se transformaram em peões de obra, e foram tão convincentes que até o então crítico de teatro do Jornal do Comércio, Marcelo Renato, com seus quase dois metros de altura e enorme magreza, integrou-se à equipe. Foi ali que o Arena começou a montar seus primeiros espetáculos, a partir de 1967. A plateia, no início, formada por uma série de "escadarias" transformadas em bancos, como nos estádios de futebol, mais tarde receberia cobertura para os assentos.

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