Quais os rumos da Argentina pós-eleição de Milei?

Deputado federal gaúcho Heitor Schuch (PSB), membro do Parlasul, disse que "se for verdade o que anunciou o presidente Javier Milei, Mercosul vai ficar com um membro a menos"

Por JC

Heitor Schuch
A grande expectativa desde a vitória de Javier Milei é como ficarão as relações entre Argentina e os demais países, após as manifestações anunciadas pelo novo presidente, entre elas, sair do Mercosul e se afastar da China. O presidente eleito da Argentina terá que ter muito fôlego e recursos para cumprir parte do que tem prometido. Todo mundo está de olho nele. O comércio entre Brasil e Argentina teve um movimento de US$ 26 bilhões até outubro de 2023. Isso dá uma certa independência às empresas dos dois países, deixando-as imunes ou protegidas de interferências. É a força econômica acima das mazelas políticas, como as ensaiadas pelo novo presidente argentino.
Tendência é ficar como está
A saída do Mercosul seria ruim também para as empresas argentinas, pois haveria impacto, inclusive, nos impostos, que hoje são liberados em alguns produtos. A tendência, acreditam especialistas, é que as coisas, por enquanto, fiquem como estão. Talvez o problema maior para as anunciadas decisões de Javier Milei seja a China. Certamente, o novo presidente Argentino será obrigado a conversar com o gigante econômico, pois além do que a China representa para a economia, ela é a maior credora da Argentina.
China pode cobrar a conta
Se os chineses resolverem, de repente, cobrar a conta, os argentinos terão muitas dificuldades para pagar a dívida. Nunca esquecendo que quando a Argentina teve dificuldades no crédito internacional, quem a socorreu foi a China, emprestando dinheiro, financiando as exportações e acudindo, quando necessário.
Mercosul com um membro a menos
O deputado federal gaúcho Heitor Schuch (PSB, foto), membro do Parlasul, que acompanha de perto os altos e baixos do Mercosul, disse ao Repórter Brasília que "se for verdade o que anunciou o presidente Javier Milei, acho que o Mercosul vai ficar com um membro a menos. Ele tem falado claramente que não quer saber do Mercosul, que não quer saber de Brasil, não quer saber de China".
Exportação de calçados
A grande questão, avalia o parlamentar, "é saber como é que nós que exportamos tantas coisas para a Argentina, ficamos". Citou como exemplo a exportação de calçados, "um setor muito delicado, que qualquer variação de campo, que qualquer importação de outros países, de concorrência, inclusive dos chineses, é um setor brasileiro muito importante, sobre diversos aspectos, como desenvolvimento local, porque existem fabricantes de calçados de um modo geral, em muitos municípios pequenos".
Socorro dos produtores brasileiros
Heitor Schuch pontuou que "a Argentina poderá buscar mercados em outros países, entretanto, resta saber se eles conseguem esses mercados. No ano passado, por exemplo, que teve uma seca enorme na Argentina e no Sul do Brasil, quem socorreu os argentinos para poderem cumprir seus contratos foram os produtores brasileiros, que venderam a soja para a Argentina poder vender e cumprir seus contratos, não tendo que pagar multas. Imaginando, algo parecido ou por seca ou outra intempérie, eles não comprando do Brasil, vão comprar de onde? Do Uruguai, não tem; do Chile, também não, do Paraguai, muito pouco."