Alcoolismo feminino tem aumentado no Brasil

Consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre as brasileiras passou de 10,6% para 13,3% entre 2010 e 2019

Por JC

DR Zacarias Calil ,
A incidência de alcoolismo nas mulheres no Brasil tem aumentado nos últimos anos, segundo diversas fontes. De acordo com o Ministério da Saúde, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre as brasileiras passou de 10,6% para 13,3% entre 2010 e 2019, um aumento de 2,7 pontos percentuais, afirmou o deputado Zacharias Calil (União-GO), que é médico, ao comentar para o Repórter Brasília, a 5ª Edição da Pesquisa Álcool e Saúde dos Brasileiros, Panorama 2023, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).
Duas mulheres mortas por hora
"O consumo abusivo de álcool pelas mulheres aumentou 4,25% anualmente de 2010 a 2022. Além disso, a cada hora cerca de duas mulheres morrem em razão do uso nocivo de álcool em 2022. Entre os países que mais consomem álcool, a liderança é da Bielorrússia, com 17,5 litros por pessoa por ano", disse Zacharias Calil (foto).
Maior participação das mulheres
Na opinião do médico parlamentar, "alguns dos fatores que podem influenciar o aumento do alcoolismo feminino no Brasil são: maior exposição à propaganda e à oferta de bebidas alcoólicas, maior participação das mulheres no mercado de trabalho e na vida social, o estresse, a ansiedade e a depressão causados pela pandemia de Covid-19. Outro ponto é a busca por alívio de conflitos e dores psíquicas relacionados ao climatério, a menopausa e à violência doméstica", avalia.
Tudo passa pela pressão
Já o psiquiatra e presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), Arthur Guerra, acredita que "o consumo de álcool entre as mulheres, tem relação ao número de jornadas, pressão com os cuidados com os filhos e a busca por melhores cargos dos profissionais, além da pressão doméstica".
Álcool não é remédio
O psiquiatra alerta que isso tudo resulta no uso inapropriado do álcool. "Muitas mulheres acabam utilizando a bebida alcoólica como se fosse uma ferramenta, como se fosse uma bengala, digamos assim. O álcool não é um remédio para essa situação, as mulheres acabam usando de forma inapropriada", adverte o médico.
Meninas bebendo mais cedo
O especialista afirmou que as meninas de 15 a 17 anos estão começando a beber mais cedo que os meninos. Para ele, o governo deve investir em comunicação para alertar sobre os perigos do excesso; escolas e empresas devem abordar permanentemente o assunto. Os maiores índices de mortes estão no Paraná, Espírito Santo e Tocantins. O consumo do álcool é apontado por 19% da morte por cirrose hepática, 16% por acidentes de trânsito, 12% por transtornos mentais, e 10% por casos de violência", resume Arthur Guerra.
Internações e óbitos
O médico Luis Fernando Correia, do Saúde em Foco, da CBN, que tem dedicado comentários diários orientando a população sobre, principalmente, a saúde preventiva, destaca que o aumento de consumo de álcool leva ao aumento de internações, e leva ao aumento de óbitos. "A gente vê que os mais velhos sofrem mais, os mais idosos entre um grupo acima de 55 anos, tendo a maioria dos óbitos, 53%; e tem um peso nas internações. Vale lembrar também que é um grupo que tem com mais frequência morbidade, ou seja, mais doenças associadas."