Polícia Civil não sabia?

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A Justiça do Rio Grande do Sul decretou a prisão preventiva dos três executivos envolvidos na suposta fraude de R$ 10 milhões no Banrisul. Walney Fehlberg (foto), superintendente de marketing do Banrisul, e os executivos de agências de publicidade, Gilson Stork, da SLM, e Armando D'Elia Neto, da DCS, foram presos em flagrante por posse não justificada de R$ 3,4 milhões em reais, libras, euros e dólares. Também foi preso Davi Antunes de Oliveira, suspeito de ser operador do dinheiro desviado através do superfaturamento de serviços pagos pelo Banrisul a agências publicitárias. No momento da prisão, ele estava com R$ 82 mil em dinheiro vivo. Na sexta-feira, a prisão em flagrante de Fehlberg, Stork e D'Elia Neto foi homologada e transformada em preventiva. Contra eles estão acusações de peculato, crime de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Os três também são suspeitos de chefiar esquema de superfaturamento de verba de publicidade do banco dos gaúchos. A juíza Deborah Coleto Assumpção de Moraes, da 6ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre, recebeu pedidos de liberdade provisória dos presos. As requisições serão analisadas nesta segunda-feira, véspera de sete de setembro. A governadora Yeda Crusius (PSDB) limitou-se a levantar, pelo Twitter, suspeitas sobre a presença da Polícia Federal (PF) na operação e não da Polícia Civil gaúcha. Fica a pergunta: será que a Polícia Civil gaúcha não foi avisada sobre a operação da PF no Estado?
Gangue no Piratini
A deputada Luciana Genro (P-Sol) não se surpreendeu com o escândalo do Banrisul. Ela explica que essas irregularidades no banco já vinham sendo denunciadas, "inclusive, pelo vice-governador, Paulo Feijó (DEM)". Para Luciana, esse episódio do Banrisul "só confirma que não temos um governo, mas uma gangue no Piratini". A parlamentar lembra que existe ação do Ministério Público Federal para levar a governadora Yeda Crusius ao Superior Tribunal de Justiça, mas "a morosidade da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, está permitindo que essas irregularidades aconteçam".
Pirotecnia política
O deputado Cláudio Diaz (PSDB) discorda da deputada. Para o tucano, esta é uma "tentativa de transformar um caso de polícia em crime político". Diaz explica que o desvio é um crime que envolve um funcionário público e duas empresas terceirizadas, mas não a governadora. "É mais uma tentativa do PT de fazer pirotecnia política", afirma o deputado.
Sem ouvidoria de polícia
O Rio Grande do Sul é uma das 17 unidades da federação que ainda não possuem ouvidoria de polícia. Além do Rio Grande do Sul, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Santa Catarina não possuem estrutura independente para receber queixas da população de abusos cometidos por policiais. A coordenadora-adjunta de Direitos Humanos e Segurança Pública da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Alessandra Costa, explica que muitos estados ainda têm uma grande resistência em instalar ouvidorias por causa "da transparência e do controle sobre as corporações que isso causa". Além disso, segundo Alessandra, as ouvidorias que existem lutam para sobreviver. "Muitas ouvidorias estão sucateadas, estranguladas pelo estado", diz.