Câmara de Porto Alegre completa 250 anos

Celebração nesta quarta-feira terá sessão especial no plenário principal

Por JC

A sede própria do Legislativo da capital começou a ser construída na segunda metade do século XX
Há 250 anos, cinco homens se reuniram para decidir qual seria o preço cobrado pela carne, dar nome e casa de criação para quatro crianças que haviam sido abandonadas e debater sobre alugar uma sede, onde hoje é Porto Alegre, para abrigar os encontros que eles seguiram realizando.
O modelo e a pauta em discussão no dia 6 de setembro de 1773 são bem distintos do que conhecemos hoje, mas aquela reunião marcou a fundação da Câmara Municipal de Porto Alegre. Para marcar, nesta quarta-feira, o dia 6 de setembro, o Legislativo da Capital vai celebrar a data com bolo e uma sessão especial no Plenário Otávio Rocha.
"Nessas 25 décadas, passaram por esta Câmara, que não por acaso é conhecida como a Casa do Povo porto-alegrense, os mais variados e importantes projetos e debates da nossa Capital. Desde a criação do primeiro código de posturas de Porto Alegre, a assinatura para ordem de início dos primeiros calçamentos da cidade, chegando às mais recentes temáticas que assistimos hoje" relembra o vereador Hamilton Sossmeier (PTB), que preside o legislativo em 2023.
Atualmente o parlamento da capital gaúcha conta com 36 vereadores de 16 partidos. Voltando no tempo, vemos que a história do Poder Legislativo no município começa com a expulsão, pelos espanhóis, dos portugueses da cidade de Rio Grande, no sul do Estado. A sede da Câmara da capitania precisou ser movida para Viamão em 1763. Dez anos depois, foi transferida novamente, desta vez para a nova capital - Freguesia de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre -, por ordem do governador.
As informações aqui reproduzidas, contando um pouco sobre os lugares ocupados pelos parlamentares até chegarem à sede atual, constam na série de reportagens especiais assinadas pela equipe da assessoria de comunicação da Câmara.
 

As casas do povo

Inaugurado em 1986, parlamento está localizado na avenida Loureiro da Silva, próximo da orla do Guaíba
No início, o Legislativo exercia funções administrativas, pois não havia um prefeito da cidade. A participação política, tanto representativa quanto para votar, era restrita a poucos homens de alta renda. Neste cenário foi criado, em 1829, o primeiro código de posturas de Porto Alegre.
Um século depois da primeira sessão, já na década de 1870, os vereadores chegaram à primeira sede própria: um edifício na Praça da Matriz, ao lado do Theatro São Pedro e quase idêntico a ele, chamado de Casa da Câmara. Mas foi por pouco tempo: duas décadas depois, tiveram que dar lugar ao "Tribunal de Relações", atual Tribunal de Justiça.
Desde o fim do século XIX, a Câmara ocupou um solar na Praça Montevidéu, o Paço Municipal e alguns andares do Edifício José Montaury, prédio atrás do Paço conhecido como Prefeitura Nova. Somente na segunda metade do século XX teve início a construção de uma sede própria para o Legislativo da Capital.
Em 1979, quando já estavam em andamento as obras da sede atual, um grande incêndio destruiu o plenário, a sala da presidência e outros setores ocupados pelo parlamento no Edifício José Montaury. Outro incêndio cinco anos depois, desta vez no gabinete de um vereador, que provocou a mudança às pressas da Câmara para o Centro Municipal de Cultura, localizado na avenida Erico Verissimo.
Os incêndios acabaram sendo decisivos para a mudança para a sede atual, o Palácio Aloísio Filho, localizado na avenida Loureiro da Silva. O prédio foi inaugurado em 1986, os gabinetes parlamentares foram transferidos e as sessões passaram a ser realizadas na nova sede - tudo sem que as obras estivessem concluídas.
Foi já na nova sede que se deu o debate e a promulgação, em 1990, da Lei Orgânica de Porto Alegre. Com a Constituição Federal de 1988, que deu aos municípios uma maior autonomia, as cidades passaram a legislar sobre assuntos de interesse local, instituir e arrecadar tributos.

Representatividade

A atual legislatura da Câmara de Porto Alegre conta com nove vereadoras mulheres e teve, nos dois primeiros anos, uma bancada negra. Mas, dos 250 anos do Legislativo de Porto Alegre, há menos de 100 anos a diversidade da população está representada. Somente na eleição de 1947, que dá início àquela que é considerada primeira legislatura da Câmara Municipal, foram eleitos pela primeira vez um vereador negro - Eloy Martins da Silva - e uma vereadora mulher - Julieta Battistioli.