Financiamento do transporte e passe livre entram na pauta do Congresso Nacional

Assinada por mais de 170 deputados, proposta quer criar o Sistema Único de Mobilidade

Por Bruna Suptitz

Em 2022, cobrança da passagem nos dias de eleição virou pauta nacional a partir do caso de Porto Alegre

Brasil tem histórico de mobilização reivindicando a gratuidade no transporte público coletivo

Da tentativa de instituir a tarifa zero em São Paulo no início da década de 1990, na gestão de Luiza Erundina (PSOL, à época no PT) até o tema chegar ao Congresso Nacional pelas mãos da própria Erundina, que está à frente da PEC 25/2023, há marcos importantes a serem lembrados.
Há 10 anos, o País foi mobilizado em praticamente todas as capitais e cidades de grande porte para reivindicar a revogação do aumento da passagem de ônibus, no que ficou conhecido como as Jornadas de Junho de 2013. Como pano de fundo, no entanto, sempre esteve a demanda do passe livre.
Dez anos antes, em 2003, o preço da passagem já havia levado a população para as ruas de Salvador (BA), nos protestos chamados de "revolta do buzu", tendo novamente o preço da passagem de ônibus como motivação. O cenário inspirou, no ano seguinte, a "revolta da catraca", em Florianópolis.

Falando em DIREITO SOCIAL

O transporte é um direito social garantido pela Constituição Federal, ao lado de educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, dentre outros, todos considerados fundamentais e listados no artigo 6º. A garantia ao transporte é uma das condições para o acesso da população aos demais direitos - por exemplo a escola, o posto de saúde, o local de trabalho. "Assim como acontece com outros direitos sociais, como a saúde e a educação, o Estado não pode impor barreiras, especialmente econômicas, para o exercício do direito ao transporte", diz a justificativa da PEC 25/2023.
 

Cidades com tarifa zero

No início do mês, o jornal O Estado de SP divulgou que a tarifa zero é realidade hoje em 72 cidades de 12 estados do País, o que abrange 3,283 milhões de pessoas. Levantamento do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) aponta que ao menos seis capitais estudam a adoção da gratuidade: São Paulo, Fortaleza, Goiânia, Cuiabá, Brasília e Palmas.
E, embora o transporte seja responsabilidade dos municípios, estados e União também podem atuar. No Rio Grande do Sul, é garantida a gratuidade no transporte intermunicipal a pessoas de baixa renda com deficiência. Em todo o País, a gratuidade vale para qualquer pessoa com mais de 65 anos.