O que significa dizer que os oito anos recentes são os mais quentes da história

Conforme dados da Organização Meteorológica Mundial, desde 2015 o planeta registra a elevação das temperaturas

Por Bruna Suptitz

Com pouca sombra, orla ficou vazia num dos dias mais quentes já registrados capital, em janeiro deste ano
Todos os anos entre 2015 e 2021 alcançaram a marca de serem os mais quentes já registrados na história do planeta. E, pelo que os estudos indicam até o momento, 2022 também chegará a esta marca: a estimativa é que fique, na média, 1,15 ºC acima dos níveis pré-industriais.
Desde os anos 1980, cada década tem sido mais quente que a anterior, o que deve continuar, informa a ONU. A década mais recente, entre 2013 e 2022, deve fechar com 1,14 ºC acima da média registrada antes da era industrial. Ou seja, muito cedo para chegar tão perto da meta de manter o aquecimento em no máximo 1,5 ºC até o fim do século.
Os dados fazem parte de estudos de especialistas ao redor do mundo, que foram revisados e compõem o mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU que trata das questões climáticas.
Divulgada na abertura da Área de Recife (PE) afetada pela chuva; foto do dia 30 de maio. Foto: Clauber Cleber Caetano/PR/JC

Sobre a iniciativa de atribuição climática

A iniciativa World Weather Attribution (WWA) é uma colaboração entre cientistas climáticos do Imperial College London no Reino Unido, KNMI nos Países Baixos, IPSL/LSCE na França, Universidade de Princeton e NCAR nos EUA, ETH Zurich na Suíça, IIT Delhi na Índia e especialistas em impacto climático do Centro Climático da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho em todo o mundo. A WWA foi fundada para fornecer avaliações robustas sobre o papel das mudanças climáticas logo após o evento.

A pergunta que deve ser feita

Frederike Otto, uma das pesquisadoras responsáveis pela World Weather Attribution, palestrou em um dos seminários do curso de Jornalismo e Mudanças Climáticas, da Universidade de Oxford, do qual participei como aluna. Na ocasião, orientou aos profissionais de imprensa que o seguinte: “Não perguntem ‘isso foi provocado por mudança climática?’. Perguntem: ‘como as mudanças climáticas alteraram a possibilidade e a intensidade desse tipo de fenômeno extremo?’”.