Espiritualidade e liderança de mulheres indígenas são tema de documentário

Paola Mallmann percorreu o Brasil de sul a norte para construir narrativa do Kunhã Karai

Por Bruna Suptitz

Filmagens foram do sul ao norte do Brasil; na imagem, liderança do povo Krenak, em Minas Gerais
Kunhã Karai é um termo guarani que remete à mulher sábia, que cuida da casa de reza. Na cultura indígena, são essas mulheres as guardiãs do conhecimento, das memórias e das histórias do seu povo. Para Paola Mallmann, a expressão simboliza “várias mulheres que têm essa caminhada com a espiritualidade, que falam de si e são porta-vozes da narrativa da terra”.
Produtora cultural e mestre em Antropologia, Paola se inspirou na descendência indígena e no contato que já tinha com comunidades originárias da região metropolitana de Porto Alegre para partir em busca desse “arquétipo ancestral que fala com todas e tem consciência da sua voz”. É desse chamado que nasce “Kunhã Karai e as narrativas da terra” – primeiro longa documentário que dirige e assina como produtora associada. Exibido essa semana na Cinemateca Capitólio, em sessão fechada para a equipe e apoiadores, o documentário seguirá agora para festivais e mostras.
Paola, que assina a direção e fez parte das filmagens, apresenta sua relação com o enredo logo nos primeiros minutos de tela, a partir da referência à sua avó, que tem origem indígena, embora desconheça a etnia. “Quis destacar isso. Senti que, ao falar da história da minha avó, estaria falando da história de muitas pessoas com as suas avós”.
Para esse trabalho, percorreu o Brasil do sul ao norte e vivenciou a cultura indígena em aldeias e cidades. “O perímetro urbano vai se expandindo e, por necessidades diversas, (os povos indígenas) foram ocupando espaços da cidade. Isso vem para nos provocar sobre o lugar do indígena, que pode ser nas cidades, mas pensar em cidade mais sustentável”, destaca.
Em referência a uma fala de site da produtora.